Artista plástica, ex-aluna de Guignard. Maria Helena Andrés tem um currículo extenso como artista, escritora e educadora, com mais de 60 anos de produção e 7 livros publicados. Neste blog, colocará seus relatos de viagens, suas reflexões e vivências cotidianas.
segunda-feira, 30 de setembro de 2019
ÍNDIA, BANGALORE
Cheguei a Bangalore
animado por reconectar as raízes. De cara, Bangalore me pareceu muito mais
desenvolvida que as outras cidades indianas. As ruas estão em melhor estado, os
prédios mais modernos, o transito mais civilizado.
A cidade é cheia de
jardins construídos na época dos ingleses. Parece um pouco com Belo Horizonte,
com seu jardim botânico, bulevares verdes e clima ameno. As pessoas são muito
amáveis e gentis. O Secretariat, um prédio governamental enorme onde está escrito
"Government Work is God's Work" é imponente e bonito.
De cara fui ao Hotel
Harsha, onde fiquei com meus pais em 1977. O hotel se transformou em um prédio
de luxo, sem muito charme. Também procurei minha antiga escola Blue Bell, que
depois soube ter mudado de nome, dono e endereço.
O desenvolvimento da
cidade é impressionante. Ha prédios moderníssimos, parques tecnológicos,
complexos corporativos enormes. A cidade é considerada o vale do silício
indiano, onde se concentram as maiores empresas de tecnologia. Lembrou-me um
pouco a China e seus parques industriais.
Fui a bons restaurantes
- um chinês chamado Aromas of China e outro Japonês chamado Harima - e conheci
Vinod Vyasulu, amigo de meu pai. O Vinod é uma figura muito gentil e engraçada,
lembrou bem dos tempos de 1977. Fomos a um jantar juntos com ele e sua esposa
Pornima.
Fui também a Mysore,
onde vi o belo palácio construído pelo Marajá ha cem anos. A arquitetura é
grandiosa e muito ornamentada, com cores fantásticas, belas esculturas e
pinturas. As inúmeras abobadas enfeitam o palácio, que hoje é parte museu
parte residência do Marajá atual.
Fui também a
Kenchankuppe, aldeia que meu pai pesquisou em 1977. A aldeia pequena abriga 700
casas e é supersimpática. Visitei o bar, a escola e lá conheci o diretor. Fui
"atacado" por 100 crianças perguntando de onde eu era, o que fazia...
O diretor reclamou não ter livros. Resolvi correr a Bangalore, comprar uns 100
livros e material de ensino e fazer lá uma mini sala de leitura. Voltei depois
de 2 dias para inaugura-la e o diretor ficou muito comovido. As crianças se
aglomeraram, cada uma com um livro em mãos, e fizemos uma grande festa. Falei
que era uma homenagem a meu pai que havia trabalhado ali!
Gostei muito de
Bangalore, da cidade, das pessoas. A influência inglesa é muito grande. Os
jardins fazem dela uma cidade agradável, limpa e oxigenada. E a modernidade é
claramente retratada nos prédios e bairros como Whitefields e Electronic City,
cheias de empresas de tecnologia.
Segui para Varanasi
depois de 5 dias, já com saudades....
Fotos de Joaquim Pedro
e de arquivo
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domingo, 22 de setembro de 2019
INDIA V - BOMBAIM
Nesta postagem dou prosseguimento ao relato do Joaquim Pedro na Índia.
"Depois de duas semanas
com parentes, numa viagem superinteressante pelo norte do país, parti para
Bombaim para conhecer o sul. A maior cidade da Índia, com 18 milhões de
habitantes, é toda formada por aterros no que foram, há 400 anos, sete ilhas
independentes. A cidade inicialmente dada como dote por Portugal à Inglaterra,
sempre teve suas raízes no comercio marítimo. Bombaim não tem a riqueza
espiritual de Rishikesh, a exuberância do Rajastão, ou o charme de Delhi.
A arquitetura da cidade
é inteiramente moldada com referencias europeias devido à forte influencia
inglesa. A universidade tem prédios parecidos com o Big Ben e a Notre Dame de
Paris. A estação de trem Vitoria é muito parecida com a St Pancras em
Londres. Os conjuntos urbanos são muito mais familiares ao olho ocidental.
A cidade tem uma orla
linda chamada Marine Drive que se parece muito com Copacabana. Ha uma mesquita
construída no meio do mar, com um pequeno boardwalk que se esconde durante a
mare cheia. Há o Gate of India, copia do arco do triunfo, feito para receber os
reis ingleses. E há o famoso Taj Hotel, construído por um magnata Parsi,
por ter sido excluído do hotel inglês local.
A indústria de
Bollywood, maior que Hollywood, produz 120 filmes por ano. Os filmes
são melodramáticos e sempre trazem interseções musicais. O astro
maior Amitabh Big B Bachchan está por todo lado.
Distante uma hora
de Bombaim está a Ilha de Elefanta, com um incrível templo de Shiva esculpido
direto na pedra. São estatuas monumentais, detalhadas, incluindo três caras de
Shiva de quatro metros de altura. Foram feitas há 600 anos!
Em Bombaim, os
motoristas de taxi vêm de Delhi, os comerciantes são Parsis e de Gujarat. Cada
qual tem sua função."
*Fotos da internet
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segunda-feira, 16 de setembro de 2019
ÍNDIA - RISHIKESH
Nesta postagem dou
continuidade ao relato de viagem de Joaquim Pedro:
“Chegamos a Rishikesh, no norte da India, quase nos Himalaias, depois de
uma longa viagem de sete horas de Delhi. A estrada em péssimo estado só permite
aos motoristas dirigirem a 50 km/hora para cumprir uma distancia de 250 km.
Rishikesh e Haridwar são cidades sagradas para os Hindus por se situarem
na nascente do rio Ganges. As cidades têm diversos centros de yoga e
espiritualidade, entre eles os ashrams de Dayananda, Rajneesh, Sai Baba. Fomos
ao ashram Dayananda, onde ouvimos uma palestra do guru e comemos junto com os
peregrinos. O ashram tem boas instalações, uma bela biblioteca, e está na beira
do rio Ganges.
O maior ashram de Rishikesh é o Parmarth Niketan, que tem um verdadeiro
campus de yoga com 1.000 quartos e incríveis instalações. Tem workshops
semanais, aulas de medicina ayurvedica, meditação e yoga. Seu guru é muito
respeitado. Fomos a uma cerimonia fascinante de aarthi, em que os membros do
ashram se reúnem ao por do sol e cantam para celebrar o fim do dia. Chamam a cerimonia
de seu "happy hour" de "thanksgiving" a Deus.
Subimos as montanhas e conseguimos ver o começo dos Himalaias, com seus
picos monumentais. Passamos por um spa cinco estrelas num palácio de marajás
chamado Ananda in the Himalaias, com aulas privadas de yoga e meditação.
Visitamos o Ganges e entramos na agua para nos livrarmos das más
vibrações. Muitos hindus vão ate o rio para se banharem todas as manhãs. A agua
cristalina vem direto dos Himalaias e o rio só termina em Bangladesh.
Gostamos muito de Rishikesh e seus templos, ashrams e espiritualidade. É
um prato cheio para quem quer se inserir mais nas questões espirituais!
De volta a Delhi, ficamos por três dias no Sri Aurobindo Ashram, um
verdadeiro oásis no meio da confusão de Delhi. Fizemos um workshop de musica
repetindo o mantra Om e visitamos a rica biblioteca e seus incensos deliciosos.
A boa surpresa foi a comida vegetariana deliciosa - arroz e vegetais, berinjela
refogada, canjiquinha...definitivamente a melhor comida indiana que comi em toda
a viagem!”
*Fotos de Joaquim Pedro e Maurício Andrés
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segunda-feira, 9 de setembro de 2019
INDIA , MATHURA /AGRA
Segue abaixo, mais um relato do Joaquim Pedro, por ocasião de sua viagem à Índia.:
" "Depois de alguns dias em Delhi, fomos para Mathura conhecer os
templos do deus Krishna. Mathura é uma cidade de peregrinos sem muita
infraestrutura, com chão enlameado e muita gente nas ruas.
Visitamos um templo cheio de macacos e vimos um asilo local em
que ficam 2.000 mulheres, viúvas de soldados da guerra do Paquistão. Fomos
também ao templo original de Krishna, onde coexistem uma mesquita e um templo
hindu. O interessante foi ver a cerimonia in loco, com a noiva sendo
apresentada à família do noivo e uma comoção geral pelo evento. Roupas muito
coloridas e bonitas, comida farta.
Hoje viemos a Agra e conhecemos o Taj Mahal. É realmente uma
maravilha, todo ornamentado com motivos muçulmanos e coberto de mármore. A
arquitetura é perfeitamente simétrica e com inscrições do Alcorão, com lindos
ornamentos de flores feitos de pedras preciosas. O monumento é o tumulo da
princesa construído por seu marido imperador.
Fomos também ao Forte Vermelho, com portas enormes para que os
elefantes pudessem passar. Foi construído pelos imperadores muçulmanos e feito
em três gerações. O Forte feito em sandstone tem enormes praças e um local onde
ficava o harém, todo feito de mármore e com motivos de flores. Ha também um
palacete com vistas para o Taj Mahal, onde ficou o imperador preso por seu
próprio filho.
Originalmente iríamos para Jaipur, mas decidimos ficar aqui por
um tempo e amanhã seguimos viagem. Minha avó está adorando a viagem, mas o
cansaço já aparece com jornadas mais distantes. Decidimos pernoitar no Sheraton
- onde por coincidência está o Sean Connery!!! - e amanhã seguimos para Jaipur.
A Índia continua impressionante, com um safari urbano a cada
cidade, com elefantes, macacos, e camelos nas ruas. As pessoas são muito
amáveis e a espiritualidade é plena..."
*Fotos de Joaquim Pedro
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segunda-feira, 2 de setembro de 2019
ÍNDIA, NOTAS DE VIAGEM DE JOAQUIM PEDRO
“Apenas uma pequena nota para dizer que, para os que querem uma
experiência única de conhecer uma cultura totalmente diferente da nossa, a
Índia é um prato cheio. Uma viagem que começa com o choque inicial da
precariedade e do caos indiano aos poucos se transforma numa apreciação
profunda dessa cultura rica e milenar. A Índia não permite julgamentos
rasos, e a viagem é para os que têm mente aberta e estomago forte.
Ao contrario da China, que impressiona e assusta logo no
primeiro instante, a Índia é descoberta aos poucos e a admiração cresce
com a profundidade do conhecimento. Os contrastes são enormes - das cores
do Rajastão ao safari urbano de Delhi, dos ashrams de Rishikesh à
hospitalidade portuguesa de Goa, da modernidade de Bangalore e Bombaim à
cultura milenar de Varanasi. Palácios se misturam com favelas. Vacas,
elefantes, macacos e camelos se misturam com gente. O espetáculo do
crescimento - que aqui realmente acontece - contrasta com a miséria vista
a olho nu.
O constante é mesmo o povo indiano, sempre gentil, cordial,
simpático, e atencioso. A pobreza econômica, pior que a brasileira, é
sempre acompanhada da nobreza de espírito. Na há espaços para violência e
a convivência pacifica com outros e com a natureza é um habito
solidificado. O indiano nos recebe como irmãos, nos acolhe e nos ensina. Temos muito que
aprender com
eles.
eles.
DELHI
As primeiras impressões aqui tem sido de muita gente, muita
pobreza e muita confusão. Ontem fizemos um passeio por Old Delhi, entre becos,
lojinhas e macacos no topo dos prédios. Nas ruas, elefantes, camelos e vacas.
Ontem também fomos ao monumento a Gandhi e à mesquita local. As
tradições hindus, muçulmanas e sikhs se misturam. Fomos também a um palácio
parecido com o Taj Mahal que veremos, dentro de dois dias, em Agra.
Amanhã seguimos para Jaipur e Agra. O tempo nos tem ajudado - um
friozinho apesar de chuvas esporádicas - e o nosso minibus com guias tem sido
uma mão na roda.
Aqui as coisas na área de educação funcionam
bem diferente. A maior discrepância é o foco enorme deles em tecnologia que é
mesmo o motor de empregabilidade do país. Custo barato, alta especialização,
bons salários.”
*Fotos de Joaquim Pedro e da internet
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