Não saio mais de casa.
A minha casa
Se estende pelo
vale
Do Paraopeba.
Lá embaixo,
Naquela montanha azul,
Está Brumadinho.
Escondida
No meio das nuvens.
Somos vizinhos,
Somos irmãos.
O céu é o mesmo.
E o mesmo manto verde,
Se estendendo
Como uma capa protetora.
Brumadinho sofreu,
E sofremos juntos.
As montanhas vão perdendo
O contorno.
Recortadas,
Mutiladas,
Transformadas
Pela ganância do ferro
Este minério bruto,
Encravado no chão.
O ferro segue
Para longe,
Carregado em caminhões.
Toma trens,
Toma navios,
E vai parar
Lá na Europa,
Onde vira Carro,
Computador,
Geladeira,
Celular,
Televisão.
Um pouco do ferro
Ficou aqui
Onde estou sentada.
Bem atrás de mim,
Olhando para Brumadinho
E as montanhas.
Virou escultura,
Mas é um desenho no espaço.
No vazio do desenho,
Eu entro de corpo inteiro.
Abraço minha escultura,
Que medita o tempo todo,
De frente para as montanhas.
*FOTOS DE IVANA ANDRÉS
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