sábado, 27 de março de 2021


 

DOCUMENTÁRIO "ARTE E TRANSCENDÊNCIA"

 

Recebi de Marília Andrés Ribeiro o texto abaixo sobre o filme "Arte e Transcendência".

"O documentário Maria Helena Andrés – Arte e Transcendência apresenta a trajetória da artista plástica e suas múltiplas atividades como escritora, educadora e blogueira.

O filme foi realizado pelo Instituto Maria Helena Andrés e o Laboratório Innovatio da EBA – UFMG em parceria com o Fundo Estadual de Cultura de Minas Gerais e o lançamento aconteceu no dia 17 de fevereiro, no Cine Belas Artes, em Belo Horizonte.

Dirigido pelo professor Evandro Lemos e com co-direção de Danilo Vilaça, o documentário, com duração de 26 minutos, contou com a participação de vários colaboradores constituindo uma construção de múltiplos olhares, resgatando desde os filmes de Belo Horizonte antiga, as viagens à Índia até os dias de hoje onde apresenta a criação de colagens e blogs.

Maria Helena Andrés é uma importante artista brasileira que tem atuado nos campos das artes visuais, da educação, da literatura e do intercâmbio cultural entre o Brasil e a Índia.

Ao longo de seus 98 anos de idade, a artista apresenta uma trajetória artística diversificada que foi iniciada nos anos de 1940, quando frequentou a Escola de Arte Moderna de Alberto da Veiga Guignard, em Belo Horizonte.

Durante a sua carreira artística ela tem experimentado várias linguagens (pintura, desenho, gravura, colagem, escultura e fotografia) e tem recebido vários prêmios e homenagens, entre elas a homenagem da Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA).

A artista se dedicou à educação artística como professora, publicou vários livros de reflexão sobre arte, educação, filosofia oriental e intercâmbios culturais entre o Brasil e a Índia.

Atualmente, Maria Helena Andrés escreve semanalmente dois blogs: Minha Vida de Artista e Memórias e Viagens, que podem ser acessados no sitemariahelenaandres.blogspot.com.br '(Texto de Marília Andrés Ribeiro, retirado do site do IMHA, Instituto Maria Helena Andrés)

 

*FOTOS DE ARQUIVO

 

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sábado, 20 de março de 2021

EXPOSIÇÃO LINHA E GESTO

 


A exposição Linha e Gesto realizada no Palácio das Artes entre dezembro de 2009 e fevereiro de 2010 motivou reflexões sobre seu conteúdo e dinâmica.


Para essa exposição, optamos por uma linha que teve sua origem na década de 1950, quando meu trabalho passou do figurativo para o abstrato. O registro dessa mudança está nos pequenos croquis feitos na zona rural de Minas Gerais, a fazenda da Barrinha. Naquela ocasião, levando comigo um caderno de anotações, eu desenhava  em nanquim o movimento de uma fazenda mineira. A serie Via Sacra pertence também aos desenhos preliminares que motivaram a transformação do figurativo para o abstrato.

O passado foi a energia propulsora da qual se foi construindo o futuro. Foi necessário desconstruir o passado para criar o caminho do presente e do futuro. A fase de guerra foi decisiva. Ali foram quebrados os condicionamentos, as estruturas se despedaçaram e começaram as releituras. De um lado, a via sacra. Do outro lado, os boizinhos.


 Registros de uma época feliz, estável, família crescendo, o marido dando força para seguir o caminho. Desenhos pequenos, lembranças. No meio do biombo, o túnel do tempo permite ver ao fundo as esculturas de ferro. O presente veio do passado. Ao centro, as cidades iluminadas brilham na noite. Casas, janela, luzes que se acendem, luzes que se apagam. Voltar ao passado? Impossível.

Uma voz interna me diz: Não detenha o rio. Ele segue o curso natural das águas e um dia se joga no mar. Muitas estórias são vivenciadas no curso do rio. Elas nos contam segredos que nunca serão revelados, mas fazem parte da vida, do dia, da noite, das manhãs, dos poentes. As lembranças dão vida ao agora porque só ele existe. Seguir a meta dos jovens. Entusiasmo, alegria, ação. Os valores são outros quando escutamos os jovens. Eles vêem a arte como um todo, não separam. O século XXI é o século da unidade e não da separatividade.  Ver a exposição como um todo, um caminho, um túnel do tempo que se prolonga no espaço.

 



 Roberto e Marília lideraram a equipe de curadores dessa exposição determinando a tarefa de cada um. Os jovens se entusiasmaram e desapegadamente começaram a agir. A retribuição era sempre informal, um desenho de presente, um crédito na lista de apoio. Elena, que deu o primeiro toque nas esculturas, também realizou os painéis transportáveis, que permitem circular em diversos espaços. Minha arte tem de ser viajante como eu sou na vida. Ser transportável é condição imprescindível!

A exposição mostra meu caminho, que é também o caminho de minha vida, cheio de mudanças. O ponto de mutação energético. Se não enxergamos a ordem interna de mudança, ficamos parados no tempo e sofremos. A ordem não vem de fora, é uma exigência de nosso ser interno.

 

Os curadores escolheram duas vertentes significativas do meu itinerário de arte, dois caminhos aparentemente opostos, mas que se completam. Ambos buscam alcançar o essencial através da criação artística e posso visualizar claramente o caminho da linha e o caminho do gesto e a sua transformação no tempo.



A linha do tempo me ajudou a ver mais claramente os caminhos por onde passei em ordem cronológica. Para realizar a linha do tempo, Eliana pesquisou documentos antigos guardados nas gavetas da memória. Abriu pastas e papéis amarelecidos e até as artistas de cinema apareceram documentando a minha adolescência de 14 anos. Desde então, meu caminho estava traçado.

Vídeos foram editados, depoimentos de vida, o refugio nas montanhas, passarinhos cantando. Terra, água, fogo, ar e éter registraram minha passagem por caminhos diversificados. O passado foi surgindo no meio de livros, documentos, falas. Surgiu devagar, registrado com muito amor e paciência. As pessoas paravam para ver os livros e as minhas viagens à Índia filmados por Maurício em 2007.

Tudo se tornou interessante e vivo, porque foi um registro de experiências. A linha continua foi sempre lembrada.  “Partir de um ponto e voltar ao ponto inicial”

Na arte e na vida as coisas se assemelham. No momento, faço releituras do que foi feito nas décadas de 50 e 60. Na década de 50, o construtivismo; na década de 60 o gestual.

O construtivismo gerou esculturas geométricas, o gestual gerou esculturas orgânicas. O caminho foi registrado de forma clara.


Partir do individual para o coletivo, do pequeno para o grande, de Minas Gerais para o mundo. Depois,voltar à terra e ver que as montanhas estão indo embora, de trem de ferro e navio para outras terras distantes. O depoimento sobre a serra da Calçada também foi apresentado em vídeo: lembrei das fases da exploração de nossas riquezas minerais. O ciclo do ouro e agora o ciclo do ferro, assustadoramente devorador! Tudo isso foi visto e provocou reflexões, numa forma interativa e dinâmica. “Onde fica essa Serra da Calçada? Vou fazer o mesmo movimento de proteção lá no Maranhão” Outro visitante se encanta com a Índia. “Sou discípulo de Sai Baba, um dia ainda chego também à Índia.”


As crianças se interessaram, participaram de uma oficina dirigida por Isaura Pena e tiveram a alegria de ver seus trabalhos também expostos nos biombos. Depois vieram as intervenções. No principio achei estranha a ideia, pois nunca tinha visto isso em nenhum lugar do mundo. Curadores, artista e colecionadores, teriam de ver seus trabalhos sempre mudando de lugar. Ótima ideia para treinar o desapego.

Do lado de fora, os nomes dos interventores – Marília e Roberto foram os primeiros, fizeram uma instalação baseada na historia, já que Marília é historiadora. Juntos, organizaram o primeiro módulo, que durou um mês.

Ficou linda, muito clara, incisiva, mostrando o inicio do processo e a direção para as esculturas geométricas e orgânicas. Já estávamos todos acostumados àquela disposição dos quadros e esculturas, quando numa segunda feira, tudo mudou e na terça feira já estava instalada uma nova versão, dessa vez entregue a dois  curadores.

 A nova curadoria mudou tudo de lugar de um dia para o outro.Tivemos de  desapegar do passado,e enxergar o novo, naquele momento entregue a dois arquitetos jovens .A visão do todo foi dividida em compartimentos bem definidos.Perdeu-se a visão da mostra como uma linha direta que conduzia o olhar  para o objetivo final e mostrava que tudo o que começou nas décadas de 50  60 está tendo uma  releitura agora, a partir da virada do século .Os quadros passaram  a ser vistos de outra forma, independentes de um roteiro cronológico e as esculturas tiveram destaque colocadas à entrada da galeria.

 

*FOTOS DE MAURÍCIO ANDRÉS RIBEIRO

 

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sexta-feira, 12 de março de 2021


 

PROJETO ARTE É VIDA

 

A verdadeira paz, em escala planetária, brota espontânea do conhecimento de nós mesmos. Só então seremos livres e poderemos repetir, como o oráculo de Delfos: “Conhece-te e sê livre”.

A experiência nos ensina que a angústia promove a ruptura com o cotidiano, encaminhando o homem para um plano existencial mais profundo. É preciso, muitas vezes, sofrer para alcançar o estado de não sofrimento, aquele em que as coisas se tornam simples e sem conflitos. Ela é uma abertura para a compreensão do outro lado da vida, no qual  paixões são superadas e as inquietações dão lugar à serenidade. Angústia existencial é um despertar. No entanto, o desafio do mundo é uma espada que nos atinge, mas também nos ajuda a vislumbrar a verdadeira paz; todas as formas de progresso material, espiritual, artístico e científico pressupõem, em suas raízes, a experiência do sofrimento. Refletindo sobre isso, poderíamos concluir que a superação das dificuldades constitui estímulo ao progresso. Segundo os princípios orientais, todas as coisas têm o seu oposto, e em todos os acontecimentos e experiências encontramos necessariamente um lado positivo e outro negativo, o bem e o mal. A sabedoria oriental conscientiza-nos desse fato, abrindo nossos olhos para os opostos que se unem à procura de totalidade: o fracasso e o sucesso, o sofrimento e a alegria, a guerra e a paz.

Os opostos estão contidos em nossas experiências mais sofridas. Elas trazem em seu contexto um ensinamento e nos fazem enxergar a vida sob um plano mais amplo e total. O todo da vida é luz e sombra, alegria e tristeza, prazer e dor. Não se pode premeditar os momentos de luz, nem os momentos de tristeza. Eles simplesmente vêm a nós. Compreendê-los é estar afinado com a ordem cósmica. Atuar a partir do que nos chega, a cada momento, saber compreender a beleza do inesperado, esteja ele ou não de acordo com o que planejamos, é viver em plenitude e riqueza. A arte está sendo usada cada vez mais como complemento do processo terapêutico, como forma de revelar o inconsciente. (Extraído do meu livro “Os Caminhos da Arte”, Editora C/Arte, 2014)

“Em junho de 2010, o IMHA deu início ao projeto Arte é Vida, no município vizinho de Jeceaba, em parceria com a Prefeitura Municipal de Jeceaba/Secretaria Municipal de Saúde e Assistência Social e com o patrocínio da VSB (Vallourec& Sumitomo Tubos do Brasil). O Arte é Vida, coordenado por Sarahy Fernandes, teve como principal objetivo a melhoria da qualidade de vida da comunidade, integrando as áreas da saúde, assistência social e educação, por meio da realização de oficinas de arte-terapia, capoeira, dança de rua, dança de salão, música e teatro, tendo como foco o desenvolvimento da inteligência emocional, na abordagem de temas como uso de drogas, DSTs, gravidez na adolescência e transtornos depressivos. As oficinas foram gratuitas e ocorreram, semanalmente, até dezembro de 2010, atendendo a crianças, jovens e adultos, em um total de 420 alunos.” (Ana Carolina Novaes extraído do site do IMHA)

 

*FOTOS DE ARQUIVO

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domingo, 7 de março de 2021


 

PROJETO RESGATE COM ARTE

 

Nas minhas viagens à Índia, entrei em contato com comunidades ligadas ao grande pensador e educador Sri Aurobindo. Segundo ele, o primeiro princípio de um ensinamento verdadeiro é que nada pode ser ensinado. A tarefa do professor é apenas sugerir. Ele não impõe o conhecimento como verdade única, mas procura despertar o aluno para adquiri-lo por si próprio. Sem distinções entre as crianças ou adultos, adolescentes ou velhos, todos devem ser educados de forma livre, espontânea, desenvolvendo suas tendências individuais. Naquela comunidade dá-se muita ênfase ao desenvolvimento integral do ser humano: corpo, emoções e mente. Além dos esportes e práticas de Yoga , diferentes atividades artísticas fazem parte do cotidiano dos alunos. O despertar da consciência também se faz estimulando a concentração e a meditação. Sri Aurobindo vivia em contato direto com a sua intuição criadora, a fonte do conhecimento, ou o supramental, como focalizou em vários dos seus escritos. Todo o seu processo educativo baseia-se no aperfeiçoamento do indivíduo, na descoberta de seus próprios recursos e na entrega absoluta aos planos mais elevados da sua própria consciência. O homem, segundo ele, passará da situação atual, ainda imperfeita, para um grau de perfeição nunca antes atingido na Terra. Suas ideias sobre a evolução do mundo lembram as ideias evolucionistas de Teilhard de Chardin, o grande pensador católico. “Teilhard fala do advento de uma super-reflexão que levaria o homem a uma plataforma superior. Essa evolução não estaria distante de nós, mas se realizaria num futuro próximo.”  (Extraído do meu livro “Os Caminhos da Arte”, Editora C/Arte, 2014)

“ O projeto Resgate com Arte – Aprendizado Multidisciplinar através das Artes foi patrocinado pelo Fundo Estadual de Cultura (FEC), em 2009, sendo que suas atividades tiveram início em agosto de 2010. O Projeto, coordenado por Maria Aldina Resende, ofereceu à população a oportunidade de aprender sobre os patrimônios histórico, cultural e ambiental da região, de maneira lúdica e criativa, por meio da realização de oito oficinas de expressão artística (com duração de 36 meses): História da Arte, Educação para o Patrimônio, Artes Plásticas (cenários e figurinos com material reciclado), Produção de Textos, Interpretação Teatral, Composição Musical, Técnicas Vocais e de Canto, Técnicas de Dança Contemporânea e Criação, Montagem e Manipulação de Bonecos para Teatro. Foram oferecidas 140 vagas para jovens e adultos da comunidade em geral e estudantes e professores das escolas estaduais.  Novas ações aconteceram no segundo semestre, incluindo aula de resgate histórico, sessão de filmes, passeios turísticos, disponibilização do acervo histórico coletado para pesquisa e documentação e a exibição de um vídeo do Projeto, a princípio, em Entre Rios de Minas e nos municípios vizinhos de Jeceaba e São Brás do Suaçuí. .” (Ana Carolina Novaes extraído do site do IMHA)

FOTOS DE ARQUIVO

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