Tudo me parecia normal, quando ouvi a voz da Beth
gritando:
“Fica comigo, Maria Helena! Não me deixe sozinha!”
Eu ainda não percebera que haviam separado a Beth de
mim e ela apelava para que eu a ajudasse.
Fui informada que Beth não poderia entrar na Índia
sem a vacina da Febre Amarela.
“Espera aí, Beth, eu vou com você.”
Em frente, um grande painel mostrava o Mapa Mundi e
alguns países banhados com tinta amarela.
Explicaram-me que o Brasil estava incluído e que a
Beth não havia tomado a vacina contra a doença.
“Ninguém entra na Índia sem que o seu passaporte
comprove a vacinação. Quem não foi vacinado tem de ficar de quarentena no
hospital próximo ao aeroporto.
Acompanhei
Beth sem hesitar um momento. Eu também ficaria de quarentena com ela.
Eu e Beth não esperamos segunda ordem. Deitamos cada
uma em seu catre de hotel de emergência. Dormimos. Quando acordamos, uma outra
viajante ali estava, ao nosso lado, sem trocar a roupa de viagem nem tirar os
sapatos de bico fino.
“Vocês dormiram demais, devem ter tomado algum
calmante para dormir”.
Abri os olhos e reparei melhor a nossa vizinha. Ela
estava horrorizada e revoltada.
“Estamos aqui porque
não tomamos a vacina e eles não querem que a febre amarela entre no
país....”
Eu tentei convencê-la, mas ela não concordou.
“Não adianta discutir nem chamar a Embaixada do
Brasil. Eles não deixam entrar no país sem vacina!”
A viajante era uma carioca, dona de boutique e
estava com 3 malas para comprar roupas e bijuterias na Índia.
Mas, assim como chegou, voltou. Ligou para o
aeroporto e voltou para o Brasil no primeiro voo.
Nós duas continuamos no isolamento.
A sala de almoço era um refeitório onde se reuniam
pessoas de diversos países do mundo, retirantes do mesmo infortúnio ou da mesma
ignorância.
Tinham em comum o fato incontestável: eles não
estavam vacinados e isto poderia ser comprovado no passaporte!
Muitas pessoas choravam, outras rezavam.
Tive pena de uma família que iria participar de um
casamento. Compraram roupas novas, levavam presentes. Mas, devido ao descuido
de não terem tomado a vacina, ficaram no isolamento.
Foi quando eu combinei com Beth de fazer aulas de
criatividade com aquele grupo tão desolado.
Distribuímos papeis, lápis, canetas para eles
desenharem um casamento na Índia, já que não poderiam participar.
As aulas se estenderam nos dias seguintes com a
participação até dos guardas.
Fizemos danças, imitando uma variedade de bichos,
cachorros, gatos, pássaros, cisnes, elefantes, onças, leões...
Com a participação coletiva nos eventos criativos,
todos se acalmaram.
Os dias se tornaram mais curtos e leves!
E foi assim que entramos na Índia depois de uma
semana de isolamento!
*FOTOS DA INTERNET
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