domingo, 21 de novembro de 2021

JEQUITINHONHA IX

 


FESTA NO MORRO

Fomos todos convidados para uma festa no morro, com lua cheia no céu e muita gente dançando. Faz-se roda e lá no centro sempre tem um par dançando, os outros batem compasso, cantando. No batuque da folia a roda faz união. Pois depois de algum tempo batendo palmas, cantando a gente vê o vizinho como irmão.



Antigamente era diferente,

As pessoas mais idosas

Iam uniformizadas,

Camisa branca, calça preta,

Chapéu de palha.

Começava a dança no sábado

E só terminava

Na segunda feira à noite.

Três dias seguidos

De dança sem parar.

A gente tomava

Só um gole

E dançava a noite inteira.

Hoje em dia a gente moça

Se embebeda  primeiro

Pra depois entrar na dança.



REI  E RAINHA

As ladeiras são vermelhas

Com buracos no caminho.

Há luzes nas ribanceiras,

Gente cantando e subindo.

Do rei só vejo a coroa de prata,

E da rainha também.

Às vezes, fazendo esforço,

Vejo os dois frente à frente.

Lá em cima, na Igreja,

Vão tirar a coroa

E passá-la para outro casal

Que será rei até a outra festa.



A irmandade de Nossa Senhora do Rosário

Chefiado pela Igreja

Tenta guardar os valores

E a tradição dos negros.

Conservam seus instrumentos

E seus cânticos também.

Nesta festa antigamente

Se a rainha fosse branca

O rei devia ser preto.

E se o rei fosse branco

A rainha era preta.



As músicas dos escravos

Seus batuques e congados

Seus ritmos acelerados

Tamborzeiros, dançarinos,

Continuam batucando

Através das madrugadas.

E na janela aberta

O coro está cantando

Entre fogos de artifício

E o colorido das luzes

O coro canta:



“Esperança  nossa

Querida mãe

Rainha da paz

Socorre sempre

Todos os mortais.

Com todos os anjos e santos

Proclamamos a vossa glória.

Eis o mistério da nossa fé.

Bendito, louvado seja”,

Canta o povo em sintonia.

Antes do padre comungar

O rei e a rainha

Recebem o vinho

No cálice de ouro.


CÂNTICOS RELIGIOSOS

Ouvimos Folia de Reis

Cantadas pelas crianças

E aquilo nos lembrou

A toada de outras

Crianças na Índia.

 Música circular,

sem princípio nem fim.

*ILUSTRAÇÕES DE MARIA HELENA ANDRÉS

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