O sertão é um pouco de nós mesmos,
A infância perdida na distância.
É a manga madurinha
Dependurada no pé,
Jabuticaba dando
A árvore coberta
Dos pés à cabeça
De frutos pretinhos
Bem brasileiros.
Galo cantando de madrugada,
Rompendo o silêncio da noite
E abrindo os passos
De um outro concerto
Cujos componentes
Se escondem sob as folhagens
Das árvores.
Ouvimos o som, sem ver o maestro.
Leite fresco, de vaca ou de cabra,
Carne seca no almoço
Muita pimenta.
Gente vai cedo para fora de casa
Sentados de cócoras,
Conversando.
O calor é escaldante
Feito a Índia.
De 10 da manhã
Às 4 da tarde.
Não se faz nada
Porque o sol,
O grande rei,
Não deixa.
A água é pouca.
Sertão,
Baixa quente
Cor do povo
É cor de barro
Barro em forma de gente
Gente em forma de barro.
Só os potes
Grandes
No chão
Refrescam
A água
E a sede.
Barco deitado
No céu do forno.
O céu do forno
Tem dois furos
Por onde passa o
Calor.
E o barco
Toma cores
Diferentes.
Fica preto,
Fica vermelho.
*ILUSTRAÇÕES DE MARIA HELENA ANDRÉS
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