Um pouco no Rio, um pouco em Belo Horizonte.
Minha avó Ritinha mudou-se para Laranjeiras, no Rio de Janeiro.
Meu pai construiu outra casa na
esquina da rua Sta Rita Durão com Afonso Pena, no estilo de um Castelinho
Mexicano.
Meu ateliê também mudou, da Avenida
Afonso Pena para a casa vizinha, que era esse Castelinho. A casa tinha
duas fachadas, uma virada para o nascente e outra para o poente.
Paisagens lindas. Registrei as duas. Naquela
época eu me tornei paisagista, seguindo os passos de Guignard, meu mestre. O
ateliê caminhava comigo para onde eu fosse, ao ar livre ou junto às janelas de
minha casa. Sempre junto da família.
No parque municipal eu pintava ao ar
livre ou dentro da sala de aula. A paisagem era povoada de cantos de pássaros, de
pessoas passando. Eu carregava comigo um cavalete portátil e um banquinho para
colocar a mala de tintas.
Era difícil equilibrar as pernas do
cavalete porque ele costumava escorregar na grama. Um dia, eu estava
tentando dar início à minha pintura, quando uma voz falou atrás de mim:
"Deixa eu te ajudar, desse jeito
você não vai conseguir pintar.” Fiquei assustada...
Olhei para trás. O meu ajudante era
nada mais nada menos que... Roberto Burle Marx!
Foi na época da construção do conjunto
da Pampulha, na década de 40.
O ensino de Guignard fazia sucesso.
Ele nos levava pelo parque, mostrando a paisagem. Ficávamos horas desenhando a
mesma árvore com lápis duro, lápis 6H.
Não havia pressa de acabar. Aquilo me fazia muito bem era uma forma de meditar
trabalhando...
Nosso ateliê era o parque municipal
de BH, com toda a sua exuberância. Foi uma disciplina à qual todos nós nos submetíamos
com muita atenção no aqui e agora, como fazem os yogues. Eu era colega de Mary
Vieira, Amilcar de Castro, Mario Silésio, Célia Laborne, Marília Gianetti.
Tempos bons...
Viajávamos para Ouro Preto e Rio de Janeiro, onde Guignard organizou uma mostra dos
alunos no Instituto dos Arquitetos.
A exposição foi um sucesso total. Sem
preocupação de venda. Não havia mercado de arte. Guignard incentivava o desenho
de observação e também o desenho de linha contínua: partir de um ponto e
rapidamente retornar ao ponto de partida.
Importante exercício de quebra de
condicionamentos, Aprender a se soltar, não ficar presa a códigos mentais. Até
hoje faço uso desta técnica pra criar projetos de escultura.
O quadro de Guignard que descreve uma
alameda do parque, foi um presente de casamento para nós. O tema sugere a arte
como um caminho.
*FOTOS DE ARQUIVO
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VIDA DE ARTISTA”, CUJO LINK ESTÁ NESTA PÁGINA.