quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

ATELIÊ NO LARGO DO BOTICÁRIO

 




Logo após meu casamento estive algum tempo no Rio, na rua Pires de Almeida , residência da avó Ritinha, tia Lilita e tio Freitas.



Eles haviam viajado para Belo Horizonte e nos deixaram ocupar o apartamento.

Luiz estava apresentando um trabalho no IPASE e eu, enquanto isso, desenhava o meu entorno.

O ateliê era o que eu via da janela.






Registrei alguns aspectos interessantes daquele lugar que me fazia lembrar um cenário de Paris.

Caminhando com minha  mala de tintas, eu procurava documentar o que ia vendo pelo caminho.




Cheguei ao Largo do Boticário, sentei num banco de pedra e me preparei para realizar um quadro, que também me lembrava  um cenário de Paris do tempo antigo.O quadro ,recebeu Menção Honrosa no Salão de Arte Moderna do Rio!



Deixei o quadro no Rio de presente para tia Lilita.

Hoje não sei por onde ele anda.

Logo depois tive notícias dele num antiquário, deve ter sido vendido para algum desconhecido.

Deve estar em boas mãos...



*FOTOS DE ARQUIVO

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quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

ATELIÊ EM CONSTANTE MUTAÇÃO

 

Um pouco no Rio, um pouco em Belo Horizonte.

Minha avó Ritinha mudou-se  para Laranjeiras, no Rio de Janeiro.

Meu pai construiu outra casa na esquina da rua Sta Rita Durão com Afonso Pena, no estilo de um Castelinho Mexicano.



Meu ateliê também mudou, da Avenida Afonso Pena para a casa vizinha, que era esse Castelinho. A casa tinha  duas fachadas, uma virada para o nascente e outra para o poente.

Paisagens lindas. Registrei as duas. Naquela época eu me tornei paisagista, seguindo os passos de Guignard, meu mestre. O ateliê caminhava comigo para onde eu fosse, ao ar livre ou junto às janelas de minha casa. Sempre junto da família.

No parque municipal eu pintava ao ar livre ou dentro da sala de aula. A paisagem era povoada de cantos de pássaros, de pessoas passando. Eu carregava comigo um cavalete portátil e um banquinho para colocar a mala de tintas.




Era difícil equilibrar as pernas do cavalete porque ele costumava escorregar na grama. Um dia, eu estava  tentando dar início à minha pintura, quando uma voz falou atrás de mim:

"Deixa eu te ajudar, desse jeito você não vai conseguir pintar.” Fiquei assustada...

Olhei para trás. O meu ajudante era nada mais nada menos que... Roberto Burle Marx!

Foi na época da construção do conjunto da Pampulha, na década de 40.

O ensino de Guignard fazia sucesso. Ele nos levava pelo parque, mostrando a paisagem. Ficávamos horas desenhando a mesma árvore com lápis duro, lápis  6H. Não havia pressa de acabar. Aquilo me fazia muito bem era uma forma de meditar trabalhando...



Nosso ateliê era o parque municipal de BH, com toda a sua exuberância. Foi uma disciplina à qual todos nós nos submetíamos com muita atenção no aqui e agora, como fazem os yogues. Eu era colega de Mary Vieira, Amilcar de Castro, Mario Silésio, Célia Laborne, Marília Gianetti.

Tempos bons...

Viajávamos para Ouro Preto e Rio de Janeiro, onde Guignard organizou uma mostra dos alunos no Instituto dos Arquitetos.


A exposição foi um sucesso total. Sem preocupação de venda. Não havia mercado de arte. Guignard incentivava o desenho de observação e também o desenho de linha contínua: partir de um ponto e rapidamente retornar ao ponto de partida.

Importante exercício de quebra de condicionamentos, Aprender a se soltar, não ficar presa a códigos mentais. Até hoje faço uso desta técnica pra criar projetos de escultura.


O quadro de Guignard que descreve uma alameda do parque, foi um presente de casamento para nós. O tema sugere a arte como um caminho.



 *FOTOS DE ARQUIVO

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terça-feira, 4 de janeiro de 2022

ATELIÊ NA AVENIDA AFONSO PENA

 



Estou sentada em frente às janelas que dão para o poente. Hoje é domingo, um domingo de sol. Acordei com o objetivo de me lembrar o que significa para mim um ateliê.


O ateliê nos cria um ambiente de recolhimento para quem quer criar alguma coisa, um isolamento social necessário ao artista. Nesse espaço ele está só, sem interrupções exteriores. É por isso que os artistas estão criando tanta coisa no meio da pandemia. Somos todos eremitas.

Recuando no tempo, vejo meu pai desfazendo a sala de visitas para transformá-la no meu ateliê.


"As visitas serão recebidas na sala de jantar."




Assim foi criado o meu primeiro ateliê com as janelas abertas para a avenida Afonso Pena.

Ali desenhei artistas de cinema, os meus mitos de adolescência.



O recolhimento era muito importante e eu pude me concentrar no desenho, usando lápis de várias cores. Ao mesmo tempo eu escrevia num caderno de anotações o meu dia a dia e os meus sonhos. Os diários sempre me acompanharam ao longo da vida.

Hoje tenho uma coleção de pequenos cadernos onde continuo anotando os acontecimentos externos e as vivências interiores.



Vale a pena ter um lugar para concentração.

Meu pai enxergou isso e desmanchou a sala de visitas.



 

*FOTOS DE ARQUIVO

 

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