quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

ATELIÊ EM CONSTANTE MUTAÇÃO

 

Um pouco no Rio, um pouco em Belo Horizonte.

Minha avó Ritinha mudou-se  para Laranjeiras, no Rio de Janeiro.

Meu pai construiu outra casa na esquina da rua Sta Rita Durão com Afonso Pena, no estilo de um Castelinho Mexicano.



Meu ateliê também mudou, da Avenida Afonso Pena para a casa vizinha, que era esse Castelinho. A casa tinha  duas fachadas, uma virada para o nascente e outra para o poente.

Paisagens lindas. Registrei as duas. Naquela época eu me tornei paisagista, seguindo os passos de Guignard, meu mestre. O ateliê caminhava comigo para onde eu fosse, ao ar livre ou junto às janelas de minha casa. Sempre junto da família.

No parque municipal eu pintava ao ar livre ou dentro da sala de aula. A paisagem era povoada de cantos de pássaros, de pessoas passando. Eu carregava comigo um cavalete portátil e um banquinho para colocar a mala de tintas.




Era difícil equilibrar as pernas do cavalete porque ele costumava escorregar na grama. Um dia, eu estava  tentando dar início à minha pintura, quando uma voz falou atrás de mim:

"Deixa eu te ajudar, desse jeito você não vai conseguir pintar.” Fiquei assustada...

Olhei para trás. O meu ajudante era nada mais nada menos que... Roberto Burle Marx!

Foi na época da construção do conjunto da Pampulha, na década de 40.

O ensino de Guignard fazia sucesso. Ele nos levava pelo parque, mostrando a paisagem. Ficávamos horas desenhando a mesma árvore com lápis duro, lápis  6H. Não havia pressa de acabar. Aquilo me fazia muito bem era uma forma de meditar trabalhando...



Nosso ateliê era o parque municipal de BH, com toda a sua exuberância. Foi uma disciplina à qual todos nós nos submetíamos com muita atenção no aqui e agora, como fazem os yogues. Eu era colega de Mary Vieira, Amilcar de Castro, Mario Silésio, Célia Laborne, Marília Gianetti.

Tempos bons...

Viajávamos para Ouro Preto e Rio de Janeiro, onde Guignard organizou uma mostra dos alunos no Instituto dos Arquitetos.


A exposição foi um sucesso total. Sem preocupação de venda. Não havia mercado de arte. Guignard incentivava o desenho de observação e também o desenho de linha contínua: partir de um ponto e rapidamente retornar ao ponto de partida.

Importante exercício de quebra de condicionamentos, Aprender a se soltar, não ficar presa a códigos mentais. Até hoje faço uso desta técnica pra criar projetos de escultura.


O quadro de Guignard que descreve uma alameda do parque, foi um presente de casamento para nós. O tema sugere a arte como um caminho.



 *FOTOS DE ARQUIVO

 VISITE TAMBÉM MEU OUTRO BLOG “MINHA VIDA DE ARTISTA”, CUJO LINK ESTÁ NESTA PÁGINA.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário