Na série de depoimentos sobre Lourdes Figueiredo, acrescento aqui os textos de Aparecida e Ivana Andrés, sobrinhas e grandes amigas, que dão testemunho de sua generosidade no convívio com as pessoas. São lições de vida que todos nós aprendemos.
“Passados 15 dias da morte da D. Lourdes, ainda não sei bem o que dizer. Que ela foi como que uma nova tia que ganhei, por força do parentesco com meu marido? Isso é fato. Mas é pouco. Que ela se tornou uma grande amiga nas décadas em que convivemos? Também é verdade, mas também é pouco. Que era tão chegada, que era sempre ela quem recebia o meu primeiro telefonema, ao chegar ao Rio de Janeiro? É isso aí, mas ainda não diz tudo. Que ela - e toda a sua família, Wilson, Pedro, Digo, Vanessa, Andrea e seus agregados diretos - foram um dos maiores presentes que a vida me deu em termos de amizade, afinidade e acolhimento? Que sorte a minha! Que eu nunca vi sair de sua boca uma má palavra, uma expressão agressiva, um grito ou queixa de raiva, reflete bem o jeito dela. Suavidade, doçura, simpatia, o recado sábio, o caso engraçado, um sorriso assim meio de lado, sem excessos, é disso que a gente se lembra ao pensar nela.
É certo que ela viveu vida longa, rica e interessante, chegando aos 92 com uma carinha e um corpinho de impávido colosso, basta conferir nas fotografias. É também realidade que a vida da gente tem limite, que ninguém vive eternamente e que chegar aos 90 é e sempre foi uma raridade. Mas como é que tamanho avanço nas ciências ainda não conseguem fazer o corpo durar com saúde, ou ao menos parear com o andamento da cabeça da gente?
Penso agora, uma vez mais, na D. Lourdes. Ainda não sei o que dizer do mundo sem ela, pois pela última conversa que tivemos, parecia que ainda dava pra esticar o tempo dela por aqui por mais uns 100 anos. Só que o corpo dela não deu conta, não acompanhou sua animação mental. Que pena para todos nós!
(Aparecida Andrés, em 22.03.2012)
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“Na Escola São Tomás de Aquino tia Lourdes foi nossa professora de artes, sempre amorosa e competente.
Quando eles se mudaram para o Rio, encontrava sempre a tia Lourdes atrás de um volante, subindo e descendo a rua Timóteo da Costa, levando alguma criança para a escola.
Em 1984, já com algumas exposições realizadas e querendo mostrar meus desenhos fora de BH, tive o convite de expor na Galeria do IBEU no Rio. Era uma coletiva com mais 2 artistas mineiros, Fernando Fiúza e Marcelo AB, que se chamou “Três de Minas”. Eu mostrava minha série de “Mendigos”.
Tio Wilson fez a minha apresentação de forma sucinta e sensível. Era apenas uma frase que ficou por muito tempo na minha memória.
Lembro que a tia Lourdes se posicionou diante do telefone, durante muitos dias chamando todos os parentes e amigos. No dia da abertura havia muita gente diante dos desenhos dos “Três de Minas”...
Depois ela e Marília Gianneti agendaram encontros com galeristas e marchands para que eu mostrasse meus trabalhos.
Este é apenas um exemplo de sua disponibilidade para ajudar com espontaneidade e alegria, sempre com um sorriso nos lábios.
Outra característica marcante foi seu imenso amor pelo tio Wilson, incondicional e apaixonado.” (Ivana Andrés)
*Fotos de arquivo, da internet e de Marília Andrés
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