quinta-feira, 10 de setembro de 2015

A CRIAÇÃO DO LIVRO “PEPEDRO NOS CAMINHOS DA ÍNDIA”

 Índia, 1978
Às vezes me lembro de coisas que se passaram na Índia, quando da minha primeira viagem em 1978.
Eu viajava com pouco dinheiro, não podia pagar hotéis caros e também não queria ficar em hotéis baratos que não têm o conforto necessário para a gente se sentir bem.
Foi quando minha amiga Dominique, casada com o Dr. Radhakrishnan, do Raman Research Institute, me indicou uma comunidade de irmãs cristãs na rua Infantry Road. Lembro-me das acomodações para hóspedes em pequenos chalés distribuídos por um jardim todo florido e bem cuidado. As acomodações eram simples e as irmãs me receberam com muito carinho. Pagava pouco, uma diária de 3 dólares por dia com direito a uma alimentação indiana bem apimentada. Podia fazer as refeições ou comer fora, se quisesse. A única exigência era cantar uma página da Bíblia na capela da comunidade e eu, que gosto de cantar, entoava o canto com elas.
Quando as irmãs souberam que eu precisava de um espaço adequado para ilustrar um livro infantil sobre a Índia, abriram para mim todo o andar superior, reservado aos hóspedes de congressos. Eu podia escolher qualquer quarto para ilustrar o livro do Pepedro, ficava sozinha naquele imenso salão, levava o meu aparelho cassete e podia até ouvir música e dançar.
O livro do Pepedro começou ali, à sombra das árvores. As irmãs cediam as empregadas para servirem de modelo para a artista brasileira que ali estava.  Algumas páginas ilustram os diversos personagens da comunidade.
Ali fiquei três meses desenhando, escrevendo e também visitando museus e escolas da cidade de Bangalore. Aprendi muito com essa simplicidade voluntária, que me trazia tranquilidade e paz.
As irmãs me emprestavam jornais para que eu copiasse os diversos dialetos e dali tirasse ideias para uma mandala só de escrita indiana.
Decorridos três meses eu tinha de sair da Índia, e escolhi o Nepal para me abrigar. Em Katmandu o livro do Pepedro teve a sua fase final, inspirado nos Himalaias e na sabedoria dos lamas tibetanos. Também em Katmandu, o hotel Shakti me oferecia momentos de silêncio e meditação para produzir meu trabalho de arte. Abria as janelas e via as crianças brincando na rua, o que me fazia lembrar o pequeno Pepedro, Joaquim Pedro, meu neto, que ficara na Índia. O registro dessas experiências está nas ilustrações do livro “Pepedro nos caminhos da Índia” de autoria de minha nora Aparecida Andrés.

Todas as coisas têm sua história e seu momento, e todas elas passam debaixo dos céus...

*Fotos de arquivo

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