Índia, 1978
Às vezes me lembro de
coisas que se passaram na Índia, quando da minha primeira viagem em 1978.
Eu viajava com pouco
dinheiro, não podia pagar hotéis caros e também não queria ficar em hotéis
baratos que não têm o conforto necessário para a gente se sentir bem.
Foi quando minha amiga Dominique, casada com o Dr. Radhakrishnan, do
Raman Research Institute, me indicou uma comunidade de irmãs cristãs na rua
Infantry Road. Lembro-me das acomodações para hóspedes em pequenos chalés
distribuídos por um jardim todo florido e bem cuidado. As acomodações eram
simples e as irmãs me receberam com muito carinho. Pagava pouco, uma diária de
3 dólares por dia com direito a uma alimentação indiana bem apimentada. Podia
fazer as refeições ou comer fora, se quisesse. A única exigência era cantar uma
página da Bíblia na capela da comunidade e eu, que gosto de cantar, entoava o canto
com elas.
Quando as irmãs
souberam que eu precisava de um espaço adequado para ilustrar um livro infantil
sobre a Índia, abriram para mim todo o andar superior, reservado aos hóspedes
de congressos. Eu podia escolher qualquer quarto para ilustrar o livro do Pepedro,
ficava sozinha naquele imenso salão, levava o meu aparelho cassete e podia até
ouvir música e dançar.
O livro do Pepedro
começou ali, à sombra das árvores. As irmãs cediam as empregadas para servirem
de modelo para a artista brasileira que ali estava. Algumas páginas ilustram os diversos personagens
da comunidade.
Ali fiquei três meses
desenhando, escrevendo e também visitando museus e escolas da cidade de
Bangalore. Aprendi muito com essa simplicidade voluntária, que me trazia
tranquilidade e paz.
As irmãs me emprestavam
jornais para que eu copiasse os diversos dialetos e dali tirasse ideias para
uma mandala só de escrita indiana.
Decorridos três meses
eu tinha de sair da Índia, e escolhi o Nepal para me abrigar. Em Katmandu o
livro do Pepedro teve a sua fase final, inspirado nos Himalaias e na sabedoria
dos lamas tibetanos. Também em Katmandu, o hotel Shakti me oferecia momentos de
silêncio e meditação para produzir meu trabalho de arte. Abria as janelas e via
as crianças brincando na rua, o que me fazia lembrar o pequeno Pepedro, Joaquim
Pedro, meu neto, que ficara na Índia. O registro dessas experiências está nas
ilustrações do livro “Pepedro nos caminhos da Índia” de autoria de minha nora
Aparecida Andrés.
Todas as coisas têm sua
história e seu momento, e todas elas passam debaixo dos céus...
*Fotos de arquivo
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