Meu interesse pelo Oriente nasceu na infância, quando escutava
deslumbrada as histórias de Mil e uma noites, Simbad, o marujo e as viagens de
Marco Polo. Da Índia me vieram, mais tarde, na adolescência, os versos de Rabindranath
Tagore, o grande poeta e místico indiano. A poesia de Tagore me despertou para
a filosofia daquele país situado no outro lado do mundo.
Em 1961, recebi um convite do Consulado Americano em Belo Horizonte,
como artista e professora de arte para visitar os Estados Unidos num programa
cultural que incluía visitas a escolas de artes, museus, galerias e contatos
com artistas de vanguarda da época.
Naquela ocasião, ao visitar a costa oeste americana, Seattle, San
Francisco e Los Angeles, tomei contato direto com a influencia oriental -
chinesa, japonesa, indiana, na arte ocidental. Em San Francisco, escrevi no meu diário
em 13 fev 1961: "Percorremos a cidade. Fomos a
todos os recantos pitorescos, percorremos colinas, estacionamos em lugares altos para ver a vista. A paisagem é deslumbrante, lembra muito o Rio de Janeiro, tive saudades do Brasil quando vi os navios chegando. Saudades da minha terra e das belezas que também possuímos. Os navios não vem da
Europa, mas da Ásia. São navios japoneses, Filipinos, Chineses, Indianos. Vêm de longe, trazendo coisas diferentes
que serão misturadas à cultura ocidental para desta mistura fazer uma só civilização."
Visitando um jardim japonês: "Tudo ali é inspirado no Japão. As
flores, os pequenos lagos, os quiosques e templos. No meio da vegetação,
imagens de Buda e outros deuses, tudo disposto com
carinho e arte."
Em visita à China town de San Francisco em 19 de fevereiro:
"O oriente me fascina. Como tudo é estranho, misterioso, os menores
objetos têm um cunho de beleza e arte!"
Observando a paisagem da California: “A terra da Califórnia é a mesma do
Brasil, mais urbanizada. As árvores são verdinhas, vejo eucaliptos, coqueiros.
Há cerejeiras importadas do Japão, colorindo a paisagem."
No museu de Seattle: "O museu fica situado no centro de um parque, no estilo do Metropolitan de New York. É maravilhosa a coleção que têm de arte oriental. Budas e deuses chineses e indus, trabalhados em ouro, bronze, prata. Arranjam com cuidado e arte as coleções antigas, procurando não acumular para dar melhor efeito. Logo de entrada 3 deuses orientais, em ouro, quase do tamanho natural. Depois as galerias, vitrines, com objetos de arte, vasos, medalhões, mitos orientais.
No museu de Seattle: "O museu fica situado no centro de um parque, no estilo do Metropolitan de New York. É maravilhosa a coleção que têm de arte oriental. Budas e deuses chineses e indus, trabalhados em ouro, bronze, prata. Arranjam com cuidado e arte as coleções antigas, procurando não acumular para dar melhor efeito. Logo de entrada 3 deuses orientais, em ouro, quase do tamanho natural. Depois as galerias, vitrines, com objetos de arte, vasos, medalhões, mitos orientais.
San
Francisco é chamada a Paris da América,
recebe muito da cultura européia, misturada cem o
espírito oriental.
Visitando a China town de Nova York : "China
town é um pedaço do Oriente encravado na América. As construções são chinesas,
as caras são chinesas, as lanternas são chinesas. À noite, com tudo
iluminado lembra um conto de mil e uma noites. As lojas tem coisas
lindas, objetos de arte, marfim, jade,
bronze."
Observei
que os artistas do leste e oeste americano têm um estilo completamente
diferente. "Notei isto nas minhas viagens. Aqui em N. York predomina a
escola de Pollock, Hoffman, De Kooning, Stamus e Brooks. São violentos,
expressivos, completamente informais. James Brooks pertence à categoria dos
informais, suas fases são firmes e conscientes, e há uma certa unidade entre
elas. Todo o itinerário de sua pintura está aí nos quadros que me mostra.
"
Meus trabalhos
informais foram influenciados pela
caligrafia japonesa, que eu conheci pela primeira vez em 1961.
*Fotos da internet
e de arquivo
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