Incentivada por meu marido, que sempre me deu apoio
nas minhas iniciativas, embarquei em 1970 rumo ao Oriente. Visitei o Japão, a
China, a Tailândia e a Índia, integrando um grupo turístico que se dirigia à
Expo 70.
Chegando à Índia, fui convidada pelo então
embaixador do Brasil, Wladimir Murtinho, para permanecer em Nova Delhi. A
esposa do embaixador fazia meditação e era ligada à filosofia dos yogues.
“Quando voltar à Índia, não deixe de visitar
Pondicherry, na Índia Francesa”, me disse ela.
Ali, com apoio da UNESCO, existe uma comunidade onde
se desenvolvem as ideias de Sri Aurobindo, um dos maiores mestres indianos. O
Yoga Integral de Sri Aurobindo prepara o homem do futuro. É uma experiência
extraordinária de educação pela arte, visando o despertar de uma nova
consciência.
A Índia deixou de ser um ponto a mais no meu roteiro
turístico. Alguma coisa me atraía àquele país como se fosse um reencontro com
um passado longínquo. Visitei um templo em Delhi e um monge percebeu o meu
interesse, presenteando-me com uma pilha de livros de Ramakrishna e
Vivekananda, que me desvendaram pela primeira vez o mistério dos Yogues. Entre
eles estava um pequeno exemplar do Bhagavad Gita, livro sagrado da Índia.
Voltando ao Brasil, ingressei no curso de yoga do
professor George Kritikos e frequentei seu grupo de meditação. Mergulhei na
leitura dos mais variados livros de filosofia oriental, do Zen-budismo aos
mestres de Vedanta, da Teosofia a Krishnamurti. Tomei consciência de que realmente
pertencemos a um Todo, que viemos de uma Essência e a Ela vamos retornar.
Em 1974, durante uma retrospectiva de meus quadros
no Museu de Arte Moderna de Belo Horizonte, pude fazer uma leitura cronológica
do caminho percorrido pela minha pintura, desde os primeiros quadros
figurativos até a integração de todas as fases nas mandalas. Inconscientemente
eu já revelara em meus quadros a necessidade de integração e de síntese. Nessa
época percebi por insight o roteiro de
“Os Caminhos da Arte”, livro publicado pela editora Vozes em 1977. O resumo mostra
o caminho de volta à Consciência Cósmica, através das diversas formas de expressão artística,
em termos planetários.
A partir de 1977 comecei periodicamente a visitar a
Índia, procurando desenvolver pesquisas no campo da arte, da educação e da
história, com base na filosofia oriental. “Deixa ao senhor o cuidado de ti”.
Essa frase, escutada no silêncio de uma madrugada, foi de certo modo a minha
bússola durante as diversas viagens. Procurei seguir a intuição sem traçar
planos. Visitei escolas, comunidades, anotando, em forma de diário, as minhas impressões
e experiências. Meu Caminho da Índia é uma reconquista da sabedoria que
perdemos pelo excesso de materialismo. Aprendi escutando a voz do povo,
participando de congressos, pronunciando palestras, realizando estudos
comparativos entre o Brasil e a Índia e observando os diferentes costumes das
diversas regiões por onde passei.
Os ensinamentos orientais não me acenavam como uma
nova religião, mas significavam a redescoberta de conhecimentos que já existiam
dentro de mim. Esses ensinamentos não são privilégio de um só país ou de uma só
raça. Eles existem dentro de todo ser humano e estão guardados no silêncio de
nossa consciência. O meu objetivo era
redescobrí-los através da minha própria experiência de vida.
O encontro das diversas mensagens nos campos da
arte, da filosofia, da religião e da ciência soava nos
meus ouvidos como uma única voz. O oriental busca, antes de tudo, através da
meditação, experimentar dentro de si mesmo sua Realidade Interna, que
ultrapassa os conceitos da mente. Ao percorrer várias comunidades
espiritualistas, desde os monges budistas no alto dos Himalaias até os mais
variados ashrams da Índia, sentia a mesma verdade fluindo de diversas formas.
Existem inúmeros mestres e caminhos, mas a minha abordagem focaliza apenas os
que tive a oportunidade de conhecer de perto ou que me tocaram através de seus
ensinamentos.
*Fotos da internet
VISITE TAMBÉM MEU OUTRO BLOG "MINHA VIDA DE ARTISTA", CUJO LINK ESTÁ NESTA PÁGINA.
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