segunda-feira, 26 de setembro de 2016

HISTÓRICO DA LUIZIÂNIA I

Recebi de Maurício e Marília este texto, que considero um documento muito importante, como histórico da nossa fazenda:

“Vovó Malisa batizou como Luiziânia a parte da fazenda da Barrinha que coube por sorteio ao Luiz. Como ele gostava muito de freqüentar a antiga fazenda da Barrinha, que ficou com a Tia Laura, era preciso fazer outra casa para permitir-lhe continuar freqüentando a fazenda. Tio Beto demarcou a nova estrada, pelo topo do morro, necessária porque a ferrovia do Aço interromperia a estrada antiga. Maria Helena e Maurício saíram a cavalo para explorar as possibilidades de localização da nova casa e o local escolhido era próximo do pasto do Capão, onde havia fonte de boa água, e que era acessível pela nova estrada. Tio Beto estendeu uma mangueira da nascente, para verificar até que altura a água descia por gravidade e isso foi determinante para a escolha do local. A casa ficaria perto da antiga casa do Zé dos Santos, localizada junto às mangueiras, no caminho da Barrinha para a cidade. No local escolhido havia grandes pedras, restos de antigas construções já desaparecidas.

Em 1973 houve a partilha da Barrinha e em 1974 iniciou-se a construção da nova casa, juntamente com a casa do Retiro das Pedras, ambas projetadas por Maurício. Em 1975 houve a festa da cumeeira e o Luiz do Seu Pedro, um dos pedreiros, inscreveu a data de 1975 no reboco do fogão de lenha. João do Nango e outros pedreiros e carpinteiros trabalharam na construção, tio Beto os levava e trazia da cidade, e aproveitou para construir o novo curral nas proximidades. Vovó Malisa e Daniel ajudaram a plantar os pinheiros e pinus ao longo do caminho de acesso. Os vitrais azuis vieram de demolição da casa dos pais de Daniel na Savassi, em pagamento a Maurício por um projeto solicitado por Daniel. Outras janelas vieram de outras demolições, os móveis foram construídos com sassafrás e outras madeiras extraídas das matas da Barrinha.

A casa era freqüentada principalmente nos finais de semana pela família de Luiz e Helena. Em janeiro de 1977 Luiz adoeceu, vindo a falecer em agosto daquele ano. Em outubro, Maurício foi para a Índia e em dezembro foi a vez de Maria Helena, Pá e Joaquim embarcarem. Eliana foi no ano seguinte. Em 1978 morreu vovó Malisa e algum tempo depois, vovô Artur. Em 1979, Euler e Iara casaram-se na casa da Luiziânia, onde moraram durante alguns anos, antes de construírem sua própria casa na proximidade. A casa passou por uma primeira reforma, com a construção de quartos onde era a garagem e da sala comprida que ocupou parte da varanda original. Trocou-se o telhado, carcomido por cupins.

A energia elétrica foi colocada com o dinheiro do painel de Maria Helena para a Cemig e uma segunda reforma na casa acrescentou-lhe o segundo andar para o atelier de Maria Helena, com recursos de heranças de vovô Euler em Belo Horizonte.

Durante alguns anos houve cotizações entre irmãos para a manutenção mensal de serviços, limpeza, reposição de equipamentos, pequenas reformas. Eliana assumiu o trabalho da administração, visando desonerar Maria Helena de preocupações, trabalho e despesas com a casa e seu entorno.

Somente na década de 90  foi feita a partilha dos terrenos da Luiziânia, sorteados entre os 6 irmãos, mantendo-se a casa e o terreno em volta como usufruto de Maria Helena. Um modelo possível seria o de uma aldeia na qual a proximidade entre as casas traz economias de escala e de infra-estrutura, proteção e segurança, bem como evita a dispersão de construções em outras áreas, que poderiam causar impactos ambientais negativos, tais como a poluição das nascentes de água de boa qualidade que existe no Capão.
Em 1999 registraram-se as escrituras definitivas dos terrenos, depois de algumas transações em que Marília vendeu sua parte do capão para Maurício e Euler, Ivana vendeu a sua parte para Euler e Artur, ambas recebendo em troca frações dos lotes situados em Entre Rios de Minas, herança de vovô Artur e vovó Malisa. Artur e Regina construíram uma casa e infra-estrutura em seu terreno e Eliana construiu uma pequena cabana em sua área. No ano 2000 Marília e Fernando reconstruíram a área de lazer em torno da casa matriz a partir do projeto desenhado por Serginho.

Decidiu-se delimitar uma área de 2 hectares para o condomínio da família mantendo um núcleo central em torno da casa matriz com churrasqueira, bica, horta e pomar e dividindo a outra parte desta área em seis lotes para os herdeiros, dando oportunidade de construção para os filhos que trocaram sua herança da fazenda por outras.

Projetou-se a convenção de um condomínio na Luiziânia com normas e regras que possam orientar a convivência daqueles que dela venham desfrutar.”
(Redigido por Maurício e Marília, em Belo Horizonte, 2000)

*Fotos de Maurício Andrés e de arquivo


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