Recebi de Maurício e Marília
este texto, que considero um documento muito importante, como histórico da
nossa fazenda:
“Vovó Malisa batizou como Luiziânia a parte da fazenda
da Barrinha que coube por sorteio ao Luiz. Como ele gostava muito de freqüentar
a antiga fazenda da Barrinha, que ficou com a Tia Laura, era preciso fazer
outra casa para permitir-lhe continuar freqüentando a fazenda. Tio Beto
demarcou a nova estrada, pelo topo do morro, necessária porque a ferrovia do
Aço interromperia a estrada antiga. Maria Helena e Maurício saíram a cavalo
para explorar as possibilidades de localização da nova casa e o local escolhido
era próximo do pasto do Capão, onde havia fonte de boa água, e que era
acessível pela nova estrada. Tio Beto estendeu uma mangueira da nascente, para
verificar até que altura a água descia por gravidade e isso foi determinante
para a escolha do local. A casa ficaria perto da antiga casa do Zé dos Santos,
localizada junto às mangueiras, no caminho da Barrinha para a cidade. No local
escolhido havia grandes pedras, restos de antigas construções já desaparecidas.
Em 1973 houve a partilha da Barrinha e em 1974
iniciou-se a construção da nova casa, juntamente com a casa do Retiro das
Pedras, ambas projetadas por Maurício. Em 1975 houve a festa da cumeeira e o
Luiz do Seu Pedro, um dos pedreiros, inscreveu a data de 1975 no reboco do
fogão de lenha. João do Nango e outros pedreiros e carpinteiros trabalharam na
construção, tio Beto os levava e trazia da cidade, e aproveitou para construir
o novo curral nas proximidades. Vovó Malisa e Daniel ajudaram a plantar os
pinheiros e pinus ao longo do caminho de acesso. Os vitrais azuis vieram de
demolição da casa dos pais de Daniel na Savassi, em pagamento a Maurício por um
projeto solicitado por Daniel. Outras janelas vieram de outras demolições, os
móveis foram construídos com sassafrás e outras madeiras extraídas das matas da
Barrinha.
A casa era freqüentada principalmente nos finais de
semana pela família de Luiz e Helena. Em janeiro de 1977 Luiz adoeceu, vindo a
falecer em agosto daquele ano. Em outubro, Maurício foi para a Índia e em
dezembro foi a vez de Maria Helena, Pá e Joaquim embarcarem. Eliana foi no ano
seguinte. Em 1978 morreu vovó Malisa e algum tempo depois, vovô Artur. Em 1979,
Euler e Iara casaram-se na casa da Luiziânia, onde moraram durante alguns anos,
antes de construírem sua própria casa na proximidade. A casa passou por uma
primeira reforma, com a construção de quartos onde era a garagem e da sala
comprida que ocupou parte da varanda original. Trocou-se o telhado, carcomido
por cupins.
A energia elétrica foi colocada com o dinheiro do
painel de Maria Helena para a Cemig e uma segunda reforma na casa
acrescentou-lhe o segundo andar para o atelier de Maria Helena, com recursos de
heranças de vovô Euler em Belo Horizonte.
Durante alguns anos houve cotizações entre irmãos para
a manutenção mensal de serviços, limpeza, reposição de equipamentos, pequenas
reformas. Eliana assumiu o trabalho da administração, visando desonerar Maria Helena
de preocupações, trabalho e despesas com a casa e seu entorno.
Somente na década de 90 foi feita a partilha dos terrenos da
Luiziânia, sorteados entre os 6 irmãos, mantendo-se a casa e o terreno em volta
como usufruto de Maria Helena. Um modelo possível seria o de uma aldeia na qual
a proximidade entre as casas traz economias de escala e de infra-estrutura,
proteção e segurança, bem como evita a dispersão de construções em outras
áreas, que poderiam causar impactos ambientais negativos, tais como a poluição
das nascentes de água de boa qualidade que existe no Capão.
Em 1999 registraram-se as escrituras definitivas dos
terrenos, depois de algumas transações em que Marília vendeu sua parte do capão
para Maurício e Euler, Ivana vendeu a sua parte para Euler e Artur, ambas
recebendo em troca frações dos lotes situados em Entre Rios de Minas, herança
de vovô Artur e vovó Malisa. Artur e Regina construíram uma casa e
infra-estrutura em seu terreno e Eliana construiu uma pequena cabana em sua
área. No ano 2000 Marília e Fernando reconstruíram a área de lazer em torno da
casa matriz a partir do projeto desenhado por Serginho.
Decidiu-se delimitar uma área de 2 hectares para o
condomínio da família mantendo um núcleo central em torno da casa matriz com
churrasqueira, bica, horta e pomar e dividindo a outra parte desta área em seis
lotes para os herdeiros, dando oportunidade de construção para os filhos que
trocaram sua herança da fazenda por outras.
Projetou-se a convenção de um condomínio na Luiziânia
com normas e regras que possam orientar a convivência daqueles que dela venham
desfrutar.”
(Redigido
por Maurício e Marília, em Belo Horizonte, 2000)
*Fotos
de Maurício Andrés e de arquivo
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