Minha pintura desde
1960, quando deixei a fase geométrica de cidades iluminadas, caracterizou-se
pelo dinamismo e a transparência. A estrutura era feita através de traços
negros, que constituíam o arcabouço da composição. Havia a necessidade das
passagens atmosféricas, mas também alguma coisa que as sustentassem no espaço.
E assim escolhi os veleiros porque tinham mastros, as correntes e canhões
porque eram elementos agressivos e decisivos para compor a guerra e as formas
metálicas das naves espaciais.
Minha pintura daquela época não era apenas
cósmica, não figurava galáxias ou estrelas. Colocava no espaço objetos
estranhos, naves tripuladas, aviões supersônicos, foguetes lunares. Naquele
momento eu pintava comunicações no Cosmos, projeções espaciais, o cinema e a TV
no espaço, a fuga para os planetas mais próximos, os passeios e as viagens do
futuro.
Quando em 1965,
introduzi a colagem em meus quadros, já procurava este contraste do espaço
fluido, cortado por um objeto quase sempre brilhante ou transparente. As
primeiras colagens ainda pertenciam à fase de guerra e sugeriam a dramaticidade
necessária ao tema, eram correntes, rodas, sempre um pequeno toque de colagem,
apenas para dar um impacto novo à composição.
Mas nem sempre usava colagens. Poderia
obter o mesmo resultado pintando algum objeto estranho, um farol por exemplo.
Muitos dos quadros expostos em 1969 no Rio foram pintados numa fazenda distante
2 horas de Belo Horizonte, lugar onde era possível me concentrar um pouco e ver
as estrelas brilharem no escuro com maior intensidade, perceber os satélites
artificiais cortando a noite e sonhar com algum disco voador pousando na
várzea. Mas, apesar de desejar muito, nunca cheguei a ver nenhum disco.
*Fotos de arquivo
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