A poesia de Kyoto me lembra o grande artista que
representou o Japão na VI Bienal de São Paulo e que, de certo modo, abriu
caminho para a compreensão da arte do Extremo-Oriente no Brasil.
Lembro-me que
a sala de Tessai foi das mais belas e significativas. Suas telas transmitiam a
mensagem que só os grandes artistas conseguem comunicar. Provocavam um suspense
e uma alegria estranha. Suas cores transparentes não reproduziam simplesmente a
natureza. Ultrapassavam o conceito individualista da arte para alcançar o campo
mais vasto de arte para a humanidade. Seus biógrafos e apresentadores na VI
Bienal salientaram vivamente esse aspecto humanístico de sua pessoa.
Tessai era um homem de vasto saber, afamado
mundialmente pelo seu humanismo e erudição. Entusiasta de viagens, aproveitou
todo o tempo disponível, desde a juventude até a velhice, para vaguear a pé
pelo Japão inteiro. Interessado em história, geografia e folclore, esteve sempre
em contato com a grandeza do cenário natural e treinou incessantemente seus
olhos para a melhor compreensão e percepção da realidade. “Enriquecido e
cultivado pela leitura de dez mil livros e pela viagem de dez mil milhas, o
espírito de Tessai atingiu seu ponto culminante através do duplo caminho da
pintura e da caligrafia, em que se cristaliza a própria essência da arte no
Extremo-Oriente. As suas pinturas representam o reino dos Três Tesouros e das
Três Venturas, que são: a Boa Fortuna, a Riqueza e a Vida Longa, da mesma forma
que as inscrições nos quadros, voltadas todas para o aprimoramento moral da
ordem social e para a razão humana, estão imbuídas do espírito de que todos os
homens são irmãos, e também do seu desejo de Paz e Felicidade para a
Humanidade”(Kojo, Bispo Sakamoto, no catálogo da VI Bienal de São Paulo).
Esse trecho
de sua apresentação no catálogo da Bienal levou-me a admirar também o outro
lado do grande artista e o seu desejo de paz para o mundo.
Tessai atingiu o apogeu de sua arte aos oitenta anos
de idade, quando conseguiu, através da luminosidade das cores e da
transparência de tintas superpostas, chegar à síntese dos processos da pintura
oriental. Aliando sua experiências de vida aos estudos teóricos, Tessai
conseguiu transmitir em sua obra uma síntese de cultura, arte, filosofia e
religião. Seus quadros, de extrema simplicidade, sintetizam essa visão
universal do artista. Lembro-me bem do grande biombo, em seis partes,
retratando doze locais paisagísticos do Japão. Depois, aquela flor enorme,
sozinha, despojada de detalhes, que ocupava quase toda a área do papel cortado
em vertical, parecia uma flor de lótus. De dentro dela uma ave levantava voo
erguendo-se como um símbolo de paz. O quadro continha a economia de recursos
daqueles que são plenos de sabedoria. Ali, em meio às obras de arte moderna, a
arte de Tessai era da máxima contemporaneidade, colocando-se tranquilamente ao
lado de outras representações internacionais. (Trecho do livro de minha autoria
“Encontro com mestres no oriente”)
*Fotos da internet
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