segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

ESTAR SÓ NA ÍNDIA


Silêncio, vazio, ausência de movimento, estar só. Hoje estou sozinha . Aqui já foi palco de muitas cenas passadas. A experiência do momento está sendo diferente, mas muito rica. As árvores são as mesmas, o vento suave da madrugada refresca o calor do verão.

À noite desço a escadinha atravessando o terraço de tijolo, para ouvir a música da natureza.

Como esta experiência é mais rica do que a de estar num hotel de 5 estrelas! Aqui tenho o céu todo a me cobrir de paz e ao mesmo tempo de mistério.
Estar só significa estar vazio de lembranças e recordações, a comungar com o balançar das árvores e sintonizar com a imensa abóbada celeste sem indagações ou conceitos firmados.

Estar só é estar vazio, e, este vazio é enriquecedor. Contemplar o agora, sem lamentar as cenas do passado, apenas constatar o fato de que elas existiram e foram benéficas. As folhas amarelas caem das árvores e cobrem o chão. Já foram verdes e enxergaram os céus, agora cobrem a grama em que pisamos. Quando nos sentimos ligados à natureza, nunca encontramos a solidão, pois, na realidade, a solidão não existe, tudo está interligado, e esta é a nossa riqueza.

Bato na porta pedindo água filtrada. Aluguei bicicleta, me dispus a andar, mas no mesmo dia levei um tombo. Para comprar frutas vou a Adyar andando  a pé.
Agora Sudda me ajuda. Está sendo maravilhosa. Sempre encontramos pessoas que se ligam a nós quando estamos sozinhas, na realidade a solidão não existe, tudo está interligado.

Novamente Krishnamurti falando. As palavras vão rompendo conceitos mentais e abrindo espaço para o novo que não foi ainda vivido. Saí da palestra às 7 e meia da noite, sozinha. O tráfego a esta hora é intenso, carros, bicicletas, ônibus, tudo ao mesmo tempo, fazendo barulho.

“You are the world, and the world is you”.

Ser o mundo significa estar em comunhão com a multidão, e neste momento eu me sentia separada do mundo, com medo de atravessar a rua.

Um taxi, daqueles de 3 rodinhas parou ao meu lado.

“Where are you going?” (Onde vai a senhora?)

“Não quero ir longe, quero apenas passar para o outro lado, respondi.

O jovem motorista não hesitou. Parou o taxi, segurou o meu braço e me pos do outro lado da rua. Neste momento eu percebi realmente que, apesar de sermos parte deste mundo agitado, sempre encontramos alguém que nos coloca a salvo do outro lado.

*Fotos de José Israel e da internet

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