Silêncio, vazio, ausência de movimento, estar só.
Hoje estou sozinha . Aqui já foi palco de muitas cenas passadas. A experiência
do momento está sendo diferente, mas muito rica. As árvores são as mesmas, o
vento suave da madrugada refresca o calor do verão.
À noite desço a escadinha atravessando o terraço de
tijolo, para ouvir a música da natureza.
Como esta experiência é mais rica do que a de estar
num hotel de 5 estrelas! Aqui tenho o céu todo a me cobrir de paz e ao mesmo
tempo de mistério.
Estar só significa estar vazio de lembranças e
recordações, a comungar com o balançar das árvores e sintonizar com a imensa
abóbada celeste sem indagações ou conceitos firmados.
Estar só é estar vazio, e, este vazio é
enriquecedor. Contemplar o agora, sem lamentar as cenas do passado, apenas
constatar o fato de que elas existiram e foram benéficas. As folhas amarelas
caem das árvores e cobrem o chão. Já foram verdes e enxergaram os céus, agora
cobrem a grama em que pisamos. Quando nos sentimos ligados à natureza, nunca
encontramos a solidão, pois, na realidade, a solidão não existe, tudo está
interligado, e esta é a nossa riqueza.
Bato na porta pedindo água filtrada. Aluguei
bicicleta, me dispus a andar, mas no mesmo dia levei um tombo. Para comprar
frutas vou a Adyar andando a pé.
Agora Sudda me ajuda. Está sendo maravilhosa. Sempre
encontramos pessoas que se ligam a nós quando estamos sozinhas, na realidade a
solidão não existe, tudo está interligado.
Novamente Krishnamurti falando. As palavras vão
rompendo conceitos mentais e abrindo espaço para o novo que não foi ainda
vivido. Saí da palestra às 7 e meia da noite, sozinha. O tráfego a esta hora é
intenso, carros, bicicletas, ônibus, tudo ao mesmo tempo, fazendo barulho.
“You are the
world, and the world is you”.
Ser o mundo significa estar em comunhão com a
multidão, e neste momento eu me sentia separada do mundo, com medo de
atravessar a rua.
Um taxi, daqueles de 3 rodinhas parou ao meu lado.
“Where are you going?” (Onde vai a senhora?)
“Não quero ir longe, quero apenas passar para o
outro lado, respondi.
O jovem motorista não hesitou. Parou o taxi, segurou
o meu braço e me pos do outro lado da rua. Neste momento eu percebi realmente
que, apesar de sermos parte deste mundo agitado, sempre encontramos alguém que
nos coloca a salvo do outro lado.
*Fotos de José Israel e da internet
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