Das janelas do carro observo o Templo de Shiva. A
água muito azul contempla a homenagem dos homens ao Deus Shiva, criador e
destruídor. Nos dias de maré cheia, a água invade o templo e vai lavando a
pedra talhada. Shiva Lingan está lá dentro, esculpido na pedra por mãos
humanas.
Há 200 anos atrás um rei ou marajá encomendou aos seus artesãos este
trabalho em Mahabalipuran, hoje monumento histórico de cultura e arte. As mãos
que esculpiram a pedra já desapareceram , o marajá também já passou para outro
plano com todas as suas pompas e riquezas. Ficou o templo de arte vivo no
presente, lembrando o passado, recordando os tempos idos em que tudo era feito
a mão, onde a energia humana animava a pedra bruta como aquela palavra mágica
das “Mil e uma noites”: “Abre-te Sésamo!” “Abre-te pedra, nós vamos em conjunto
desvendar seu mistério de muitos anos, cavando a imagem de nossos deuses em sua
superfície.”
Assim teriam pensado os artesãos e escultores que
diretamente talharam a pedra bruta com a imagem de seus deuses.
A história da Índia, sua filosofia, seus animais
sagrados, ali está gravada na pedra.
Um bando de crianças com trancinhas e saias azuis
passa em frente aos monumentos entre cochichos e risos.
De repente, em meio aos dialetos desconhecidos,
frases familiares vão ocupando o espaço acústico. Um guia fala em bom português
“Isto aqui é como se um escultor tivesse esculpido o Pão de Açúcar”. Um grupo
de turistas contempla. Vieram do ashram de Sai Baba e aqui estão também contemplando
a pedra sagrada. Não seria o Pão de Açúcar também uma pedra sagrada? A vida nos
fala momento a momento, não através de pensamentos, mas de fatos. No momento o
encontro com o grupo de brasileiros foi uma resposta da vida.
(Trecho de
meu diário de viagem, 1990)
*Fotos da internet
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