segunda-feira, 1 de junho de 2020

DIÁRIO DE MINHA MÃE NAIR, PARIS


 Encontrei nos meus arquivos um relato de minha mãe Nair, por ocasião de uma viagem que fizemos à Europa em 1980. Abaixo está o relato sobre nossa estadia em Paris. 

“Dia 13 de julho viemos para Paris, onde ficaremos 15 dias. 
Paris, que tanto sonhava conhecer. É uma cidade muito antiga, todos os prédios velhos. Eles conservam , como era no tempo dos reis e rainhas.
 Estou gostando muito, apesar da chuva que está caindo. No dia do meu aniversário, 8 décadas como disse Paulinho, meu neto. É uma longa vida que nem todos tem o privilégio de chegar. Recebi logo telefonemas de todos os filhos, o que muito me comoveu. No mesmo dia, uma carta da Maria Regina, com gosto de minha família. Da Suíça para Paris levamos 1 hora, uma viagem muito boa. Hospedamos no hotel de France, bonzinho, 3 estrelas, mesmo no centro da cidade.

Hoje é 14 de julho, estão em grande festa, festa nacional pela tomada da Bastilha. Estamos sentadas numa praça onde tem uma festa popular, coreto com música e dança para o povo. Muito interessante e todos muito alegres. Como é emocionante conhecer tantas coisas que já havia lido em romances.

Depoimento de Helena: “pessoas de todas as cores, gente de todas as idades, música, dança, a verdadeira Paris do povo parisiense está aqui nesta praça com um pequeno coreto no meio, mesinhas, café, creperie, janelas com flores, luzes nas ruas. Dá idéia de Ouro Preto, tudo antigo. Pela primeira vez um programa legal, 14 de julho em Paris. Marselhesa, os nobres caindo, o povo, a massa subindo, Revolução Francesa e o mundo depois de tudo continuando na mesma. Pobres e ricos, nobres e plebeus. Ontem em Geneve vimos o Papa na Televisão pregando a revolução sem mortes, sem guilhotinas, mas conscientizando a luta e a compreensão das diferenças no sentido das mudanças. O mundo ocidental quer as reformas da massa, o mundo oriental quer a reforma de cada um dentro de si – Krisnamurti prega outra revolução, a quebra do ego, do eu egoístico para a compreensão também da igualdade de todos – por dentro, não por fora.
São dois pólos opostos da mesma moeda – mudar, reformar, desde o tempo da revolução francesa, estamos hoje lembrando mudanças.

Nair: Hoje, dia 16 sai com Helena para um encontro com o embaixador do Brasil, muito simpático.  Agora, depois do almoço fiquei um pouco no hotel descansando. Helena foi a uma editora para mostrar o livro da Índia.

 Já fizemos diversos programas, à noite o Lidô. Fomos a diversos cinemas, todos muito pornográficos, até enjoa. Hoje, dia 23, viemos ao museu de arte moderna, muito interessante, muito bonito mesmo. Aqui almoçamos e, enquanto descanso, Helena corre o museu.

Hoje, dia 24, fomos a Chartres, uma cidade antiga onde tem uma bela catedral, toda com vitrais belíssimos. A igreja é antiga, mas é dessas catedrais que dá vontade de rezar, recolher. A cidade é linda, toda em estilo muito antiga, fomos de trem primeira classe e voltamos de segunda classe.  Ótimo trem, duas horas de viagem. Aqui na França escurece mais tarde, às 9 da noite ainda está claro.” (Nair Barroca, Diário de viagem, 1980)

*Fotos de arquivo e da internet

VISITE TAMBÉM MEU OUTRO BLOG “MINHA VIDA DE ARTISTA”, CUJO LINK ESTÁ NESTA PÁGINA.

Um comentário:

  1. Muito lindo o diário de vovó Nair. Adorei a foto dela com o bisneto Luizinho, meu filho.

    ResponderExcluir