domingo, 28 de junho de 2020

TIO ZIRO


Tio Ziro ou Ephigenio de Salles, governador do Amazonas, era uma figura muito importante no Brasil. Hoje Manaus tem uma grande avenida com o seu nome.

Quando chegava a Minas Gerais, sua terra natal, era recebido com aparato digno de um príncipe da corte. Acompanhava-o batedores, música e um séquito de cavaleiros uniformizados.

Para as crianças era uma festa ver aquele homem de cabelos brancos ser tão homenageado!

E, para cúmulo do privilégio, ele era meu tio!

Descia na casa de minha avó cercado de políticos e ficava horas conversando com eles na sala.

Enquanto isso as crianças esperavam, lá dentro da casa, pelos presentes que ele trazia de Manaus. Tio Ziro gostava de crianças, tinha um carinho muito grande pelas sobrinhas, filhas do Euler, meu pai, também político.

Eu me sentia muito importante por ser sua sobrinha  Lena, como todos me chamavam.
Tio Ziro anunciava, antecipadamente, o presente que me daria: uma boneca, daquelas que choram, abrem e fecham os olhos, uma lindeza!

Quando ele chegou na casa de minha avó Ritinha, sua irmã, eu estava ali esperando o tio querido que me daria de presente uma boneca.

Esperei muito tempo aguardando impaciente o momento de ter a boneca em minhas mãos, mas os políticos  conversavam sem trégua.

Eu pensava comigo mesma, porque falam tanto?

A boneca estava dentro de uma caixa, em cima de um armário cheio de prateleiras. Eu olhava para cima, louca para que aquela conversa terminasse lá na sala, e nada!
Resolvi então me antecipar e subir no armário. Comecei a subir, já estava na segunda prateleira quando escutei um barulho forte, o armário caiu em cima de mim, com uma poeirada sem fim, barulho de tábuas se chocando.
O quarto era muito estreito, o armário bateu na parede em frente, e eu fiquei encolhida sob as tábuas.
Fui retirada de lá por um grupo de pessoas desconhecidas. Meu tio ficou na sala, acudido por outros políticos.
Saí debaixo do armário coberta de poeira, mas segurando a caixa da minha querida boneca.

Tia Lilita me levou para o fundo do quintal para me passar pito e tio Ziro, muito bondosamente me perdoou.
Quando ele me abraçou, eu o vi como um santo.

A imagem de tio Ziro, como amigo das crianças, foi importante para mim, quanto a sua chegada a Belo Horizonte cercado de cavaleiros uniformizados.

Tio Ziro era uma pessoa muito linda!

*Fotos da internet

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