Tio Ziro ou Ephigenio de Salles, governador do
Amazonas, era uma figura muito importante no Brasil. Hoje Manaus tem uma grande
avenida com o seu nome.
Quando chegava a Minas Gerais, sua terra natal, era
recebido com aparato digno de um príncipe da corte. Acompanhava-o batedores,
música e um séquito de cavaleiros uniformizados.
Para as crianças era uma festa ver aquele homem de
cabelos brancos ser tão homenageado!
E, para cúmulo do privilégio, ele era meu tio!
Descia na casa de minha avó cercado de políticos e
ficava horas conversando com eles na sala.
Enquanto isso as crianças esperavam, lá dentro da
casa, pelos presentes que ele trazia de Manaus. Tio Ziro gostava de crianças,
tinha um carinho muito grande pelas sobrinhas, filhas do Euler, meu pai, também
político.
Eu me sentia muito importante por ser sua sobrinha Lena, como todos me chamavam.
Tio Ziro anunciava, antecipadamente, o presente que
me daria: uma boneca, daquelas que choram, abrem e fecham os olhos, uma
lindeza!
Quando ele chegou na casa de minha avó Ritinha, sua
irmã, eu estava ali esperando o tio querido que me daria de presente uma
boneca.
Esperei muito tempo aguardando impaciente o momento
de ter a boneca em minhas mãos, mas os políticos conversavam sem trégua.
Eu pensava comigo mesma, porque falam tanto?
A boneca estava dentro de uma caixa, em cima de um
armário cheio de prateleiras. Eu olhava para cima, louca para que aquela
conversa terminasse lá na sala, e nada!
Resolvi então me antecipar e subir no armário.
Comecei a subir, já estava na segunda prateleira quando escutei um barulho
forte, o armário caiu em cima de mim, com uma poeirada sem fim, barulho de
tábuas se chocando.
O quarto era muito estreito, o armário bateu na
parede em frente, e eu fiquei encolhida sob as tábuas.
Fui retirada de lá por um grupo de pessoas desconhecidas.
Meu tio ficou na sala, acudido por outros políticos.
Saí debaixo do armário coberta de poeira, mas
segurando a caixa da minha querida boneca.
Tia Lilita me levou para o fundo do quintal para me
passar pito e tio Ziro, muito bondosamente me perdoou.
Quando ele me abraçou, eu o vi como um santo.
A imagem de tio Ziro, como
amigo das crianças, foi importante para mim, quanto a sua chegada a Belo
Horizonte cercado de cavaleiros uniformizados.
Tio Ziro era uma pessoa muito linda!
*Fotos da internet
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