A primeira impressão do visitante que chega à Bienal
de Paris é a de estar chegando a um grande parque de diversões. À porta, logo
na entrada do Museu de Arte Moderna, os enormes balões suspensos convidam ao
jogo. Não há visitante que deixe de dar o seu impulso nas bolas enormes. A arte
dos jovens é uma arte de surpresa e choque, que exige a participação do
espectador de maneira violenta. Há um robô de madeira, do tamanho natural,
subindo a escada, luzes e movimentos, fios elétricos, aparelhos projetores de
formas coloridas acompanhadas de música eletrônica.
Há salas especiais para determinados inventos e o
alemão Geissler expõe enormes bolas de plástico contendo pequenas formas
coloridas que se movimentam quando tocadas por fora. Esta arte procura reviver,
no espectador, imagens de uma infância perdida, um mundo que ressuscita ao
primeiro toque, em formas e cores.
Não há uniformidade nem estandartização
nesse conjunto de invenções que caracteriza a Bienal dos jovens. As
experiências variam do grotesco ao lúdico, do erótico ao místico, do
intelectual ao cômico.
Na representação francesa, a maior da Bienal, grupos
diferentes se formam de acordo com as tendências. Cada um deles se caracteriza
por preocupações comuns ou paralelas, numa concepção estética relativamente
homogênea. Dos diversos grupos sairão vários caminhos, novas invenções para o
futuro. Há o grupo letrista, dos retratos acompanhados de escritas, há os
objetos e máquinas, há o grupo cinético com móbiles musicais, propondo formas
novas, pensamentos novos e, também na representação francesa, a arte de equipe.
Nessa arte de equipe um novo caminho se abre com a colaboração de arquitetos,
escultores, pintores, fotógrafos, oferecendo ao público, não mais uma criação
individual, mas uma organização de ideias. “O espaço dinâmico em constante
movimento” acompanhado de projeções audiovisuais, dá testemunho desse trabalho
de equipe. Em um conjunto audiovisual bem estudado, o espectador que penetra em
seu interior torna-se um dos elementos do espaço.
Agrupando artistas de acordo com a tendência e
sensibilidade comuns, a representação francesa ganha força em seu conjunto,
permitindo ao espectador um estudo mais preciso das diversas formas de
manifestação artística do momento. Na sua diversidade, na sua efervescência, a
arte atual nos oferece um campo variadíssimo, rico de inventividade e
imaginação. Quer se trate da arte cinética, abstrata, figurativa, de um
trabalho individual ou de equipe, a criação artística não conhece um só
caminho. Todas as experiências são válidas desde que sejam autênticas. Isto
permite até o julgamento mais acertado de um trabalho por parte da crítica,
como também possibilita maior respeito ao esforço de cada artista em
particular. Da contribuição francesa à Bienal de Paris, pode-se tomar
consciência dessa proposta feita ao mundo. Há lugar para todas as tendências,
todos os estilos de arte. E não somente para aqueles que estão na ordem do dia.
O que hoje está na moda, amanhã poderá cair. Permanecendo dentro de uma
tendência que realmente se ajuste à sua personalidade, o artista poderá se
afirmar melhor, aprofundar um trabalho começado, enfim, contribuir realmente
para o avanço da arte no mundo.
Do contrário, seu esforço será apenas o da corrida
da novidade, superficial, ditada pela imposição de fora, sem vivência. Esta
corrida é a maior arma que se poderá usar contra a arte, pois não é apenas
apresentando novidade que o artista se impõe, mas pesquisando e aperfeiçoando o
que iniciou. Só isso poderá, no futuro, assegurar-lhe uma posição mais sólida
no panorama universal.
Aquela visita à Bienal de Paris em 1967 foi a minha
primeira impressão sobre Arte Contemporânea. Hoje vemos que essa linguagem se projetou para o futuro, abrindo
caminhos novos. Atualmente, Inhotim, em
Minas Gerais, recebe visitantes do mundo inteiro, sendo considerada uma referência para a Arte Contemporânea.
*Fotos da internet
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ARTISTA”, CUJO LINK ESTÁ NESTA PÁGINA.
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