Artista plástica, ex-aluna de Guignard. Maria Helena Andrés tem um currículo extenso como artista, escritora e educadora, com mais de 60 anos de produção e 7 livros publicados. Neste blog, colocará seus relatos de viagens, suas reflexões e vivências cotidianas.
sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
PORTINARI,VISTO POR DOIS IRMÃOS
Portinari, amigo pessoal de Guignard, recebia com o maior carinho os seus alunos e foi por meio dessa amizade que pude acompanhar de perto a elaboração dos painéis mais famosos de toda a sua carreira artística: os afrescos da Igreja da Pampulha e os dois painéis “Guerra e Paz” pintados para a sede da ONU em Nova Iorque.
Aprendi muito com o mestre. Freqüentava aquele ateliê no porão de uma casa antiga em Cosme Velho e ali o via pintar os retirantes e toda a série trágica do nordeste brasileiro.
Assisti Portinari pintar “Guerra e Paz” , dois grandes painéis monumentais. Guerra e Paz foi pintado num prédio em construção no bairro de Botafogo, cedido ao mestre para realizar com maior facilidade o seu trabalho que exigia mais espaço. Fui ao Rio especialmente para vê-lo pintar.
Meu irmão mais novo de 12 anos estava interno no colégio Santo Antonio de Niterói. Fui buscá-lo para ver o mestre pintar. “Fique sabendo que isso é um privilégio imperdível”.
Ficamos horas observando Portinari pintar. Ele teria de subir andaimes para alcançar os pontos mais altos, subia e descia com agilidade.
Foi naquela ocasião que o meu irmão resolveu dar uma de crítico de arte e comentou que não gostava do amarelo, ali naquele determinado lugar.
Portinari olhou para trás, viu o menino e não comentou o fato, apenas perguntou: “O senhor por acaso é pintor?”
Aquele palpite inconveniente me fez remeter o jovem irmão para a casa de tio Enio, em Copacabana.
Depoimento Luiz de Salles Coelho, irmão de Maria Helena
Portinari vinha do Rio acompanhado de sua equipe de artistas. Portinari subia em escadas para pintar, ajudado sempre por seu irmão Leo.
Lembro-me da Escola de Belas Artes no parque e do filho de Portinari, que tinha um pouco menos que a minha idade, e brincamos juntos naquela visita que fizemos à Igreja da Pampulha. Hoje vejo que se tornou importante matemático, e PhD pelo MIT. Além de professor, o João Cândido Portinari - este o seu nome - encarregou-se de organizar e tomar conta da memória e obras do pai. É o presidente do “Projeto Portinari”. Há poucos dias apareceu na mídia participando de uma importante iniciativa e que vale a pena comentar. Portinari havia sido convidado pelo Governo brasileiro para pintar o painel Guerra e Paz, que o Brasil ofereceria à ONU para ser colocado na entrada de sua sede em Nova York. Juscelino , presidente e incentivador das artes e artistas ficou sabendo que Portinari não seria convidado para a inauguração do painel duplo em NY, por ser comunista. Não pensou duas vezes. Mandou montar o painel no Theatro Municipal do Rio, para que seu autor e o público o pudessem admirar em um ambiente digno. Fica aqui um apelo e sugestão ao João Cândido. Numa homenagem a JK, por que não culminar trazendo-o também para BH? Lugares e patrocínio não hão de faltar para esta exposição aos mineiros: Museu da Pampulha, Palácio da Liberdade, Palácio das Artes, Casa FIAT da Cultura, e até mesmo Inhotim...
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
NATAL, ONTEM E HOJE
Natal década de 40
“Mamãe gostava de festejar o Natal com um presépio feito em casa, musgo colhido nos morros de BH e um gramado plantado por ela com antecedência em formas de alumínio ou latas de goiabada. No dia do Natal o capim já estava verdinho, para homenagear Jesus. Numa dessas celebrações natalinas, meu irmão Luiz quebrou a cabeça de São José e não contou nada para ninguém. Ficou caladinho. À noite, quando todos dormiam, ele acordou chorando: “estou vendo uma estrela voando, será que foi porque quebrei a cabeça de São José?
A estrela era um simples vagalume, mas o autor do mal feito apareceu...” (depoimento de Maria Regina)
Natal 2010, Praça da Liberdade
A praça é o encontro do povo da cidade e as luzes vindas da China, dão uma visão feérica, como os contos orientais das mil e uma noites.
Agora vejo brilhar 1001 luzes e vou refletindo sobre as diferenças e contrastes do que foi o Natal no passado e o que é o Natal no presente. Relembro os presépios feitos em casa e o estímulo que meus pais nos davam para realizar com as próprias mãos uma pequena homenagem à Jesus de Nazaré. Lourdes relembrou o pequeno presépio de papel, armado com figuras do jornalzinho Tico-tico que líamos todas as semanas. Além desse presépio pequenino, escondido em seu quarto, num cantinho da estante, havia outro, também feito em casa, com musgos e cartolina recoberta de malacaché. O principal era homenagear o nascimento de Jesus. A principal figura era o menino Jesus, hoje ela se transformou em Papai Noel. Ninguém lembra mais do menino Deus, nascido numa gruta em Belém, nem da luz que ele trouxe para o mundo. O velho Papai Noel, importado da Europa ocupou o lugar do menino Jesus no coração das crianças. Papai Noel, por alguns chamado de São Nicolau, é uma figura lendária que surgiu na Europa, nas montanhas geladas da Rússia. Era um velhinho pobre, que distribuía presentes para crianças pobres no dia de Natal. Hoje o Papai Noel incentiva o consumo, a compra de presentes nos “Shopping Centers” de todas as cidades do mundo. Chega vestido de vermelho, gorro vermelho e botas, lembrando, em meio ao calor dos trópicos, o frio e o gelo da Europa e dos EUA. O Luciano Luppi, que já se vestiu de Papai Noel várias vezes, me contou que a roupa vermelha foi introduzida pela Coca Cola...
O menino Jesus está ficando esquecido e a celebração natalina cada vez mais se torna uma festa pagã, com vinhos, castanhas, nozes, acompanhadas de bandejas de peru, lombo de porco e leitão.
A troca de presentes chega a ser cansativa, quase obrigatória.
Mas existem pessoas que ainda fazem presépios.
Um dos presépios mais bonitos e que ainda existe, fazendo a ponte entre o passado e o presente é, sem dúvida, o Presépio do Pipiripau, hoje colocado no Museu de História Natural de BH. Durante toda a sua vida, Raimundo Machado, funcionário da Imprensa Oficial, construiu este presépio que é um verdadeiro cenário, com as principais passagens da vida de Cristo. Este presépio, que foi a alegria das crianças do meu tempo, continua trazendo a história de Jesus, feita com bonecos movimentados, pastores, reis magos, templos, cidades, vaquinhas e carneirinhos, riachos e fontes, tudo em movimento, num grande espetáculo de luzes e cores.
*Fotos: Adriana Moura e Maria Helena Andrés
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
CASAMENTO DE CHICA E MARCELO E DEPOIMENTO DE MARIA REGINA
O Rio de Janeiro continua lindo...
Tudo em paz, apesar da guerra anunciada pelos jornais e emissoras. A bandeira do Brasil e do Rio foi hasteada no alto do complexo do Alemão, acuando os traficantes. Conseguimos chegar normalmente do Galeão até o Leblon, com trânsito aberto, sem aglomerações. Viemos para o casamento de Francisca, filha do Pedro e Eugênia. Casa-se com Marcelo,seu noivo, com quem já vivia há 8 anos.
Com isto eles tiveram mais tempo para se conhecerem e construírem as bases de um casamento mais sólido.
O casamento foi celebrado com a maior originalidade, debaixo das árvores de uma casa de eventos em Botafogo.Parecia um quadro de Boticelli, com pétalas espalhadas pelo chão. Foi comovente o desfile de crianças com flores na cabeça e as palavras de amor que os noivos leram na hora da solenidade.
Nos aloés de uma casa antiga, datada de 1886, houve festa até altas horas da noite. Todo mundo dançou, inclusive eu.
No dia seguinte fui visitar meus bisnetos, filhos de Luiz e Nádia, cada um mais lindo do que o outro. Relembramos a festa, o buquê da noiva, amarrada no lustre de cristal e a filha do Evandro montada nos ombros do Mauro, tentando desembaraçar o buquê. Conseguiu mas não ficou com ele, as moças reclamaram, pois ela era muito pequena para casar. Quem ganha o buquê é a primeira a casar.
Agora, sentada na varanda do apartamento de Maria Regina, aproveito para recordar seu passado em Belo Horizonte.
Muita coisa aconteceu com esta minha irmã mais jovem, que na realidade poderia até ser minha filha. Lembro-me de Maria Regina pequenininha, cabelo todo cacheado, vestida como uma boneca. Eu e Lourdes passeávamos com ela de carrinho, por Belo Horizonte.
Maria Regina conheceu Azulino, seu marido, num passeio de ônibus no Rio de Janeiro. Os dois se conheceram por acaso e o destino se encarregou de programar uma nova história para eles.
Agora, relembramos os dias em Belo Horizonte , anteriores ao seu casamento.
Segue um depoimento de Maria Regina:
“Morávamos na rua Santa Rita Durão esquina com Ceará. De nossa cozinha podíamos ver os fundos da casa onde morava a D. Naná, irmã de Juscelino Kubitchek. Eram os dois irmãos, Naná e Nonô. Ali o movimento era grande quando JK chegava em Belo Horizonte.
O portão da garagem da casa dava para a rua Ceará, onde eu passeava de bicicleta. D. Júlia, mãe de Juscelino ficava no portão, tomando conta das crianças. Dava palpites: “Fala com sua mãe para mandar cortar a sua franja, porque ela está impedindo você de enxergar, deste jeito você pode cair da bicicleta.”
Com estas observações ela se tornou nossa amiga.
Um dia a casa ganhou grande animação. Juscelino era o novo presidente do Brasil e Belo Horizonte se levantou para homenageá-lo.
Houve uma carreata até a praça da Estação e fomos convidados a subir no carro, de capota aberta, era impossível recusar. Entusiasmada, subi no carro com todos os políticos para cantar junto com eles:
“Como pode o peixe vivo
Viver fora da água fria.
Como poderei viver
Como poderei viver
Sem a tua
Sem a tua
Sem a tua companhia...”
Maria Regina continua seu depoimento:
“Ali, na companhia dos políticos, as crianças também estavam celebrando a vitória de nosso presidente mineiro.
Até hoje me lembro da euforia de seguir dentro de um carro aberto, cantando pelas ruas de Belo Horizonte. E também me lembro do pito que recebi de papai porque desapareci da casa sem ninguém saber onde eu estava.”
MARÍLIA GIANNETTI, COLEGA E AMIGA
Marília Giannetti Torres, grande artista e colega acaba de falecer no Rio de Janeiro. Quando desliguei o telefone, comecei a rememorar nossa trajetória no caminho das artes de Minas Gerais. Relembro fatos históricos como a criação da Escola de Belas Artes Guignard no Parque Muncicipal e um bando de jovens acompanhando o mestre pelas alamedas do parque. Ali também se reuniam os estudantes de filosofia, que se tornaram nossos amigos. Debaixo daquelas árvores trocávamos idéias, fazíamos amizade com a turma, desenhávamos.
Juntas iniciamos nossa carreira com uma exposição na Cultura Francesa de Belo Horizonte em 1947. Ao mesmo tempo organizamos também nossa família, nossos filhos têm quase a mesma idade.
Marília morava numa casa em estilo moderno projetada pelo arquiteto Sylvio de Vasconcelos. Ali nos reuníamos para realizar nossos quadros e promover mudanças no estilo de arte que recebemos de Guignard. A primeira Bienal sacudiu os alicerces da arte figurativa e nós, como jovens artistas percebemos um caminho novo que se abria diante de nós. Havia uma energia propulsora que nos conduzia às mudanças, à busca de um vocabulário novo. Pertencíamos à vanguarda da época e era preciso expressar em cores a nossa colocação no Construtivismo Brasileiro. São Paulo abria espaços para os artistas e foi em São Paulo que atuamos juntas nas primeiras Bienais. O atelier de Marília era freqüentado por críticos de arte, alguns vindos de São Paulo, e o próprio Guignard sugeriu que formássemos um grupo de artistas herdeiros de seus ensinamentos. Seus ensinamentos eram preciosos, mas seu estilo teria de ser abandonado. Trabalhávamos lado a lado, formando o grupo de concretistas de Minas Gerais, já completamente diferentes do estilo Guignard. Marília, Mário Silesio, Nely Frade e eu continuamos pesquisando o suporte em telas. Amílcar, Mary Vieira e Frans Weissman se dirigiram para a terceira dimensão, tornando-se grandes escultores. Nós continuamos na pintura, deixando nossas obras principais nas mãos de grandes colecionadores de Minas, Rio e São Paulo. Passaram-se 10 anos de pesquisa incessante dentro do concretismo. Na década de 60 quase todos os concretistas tomaram caminhos diversos.
Foi nesta ocasião que Marília descobriu uma técnica própria de pintura em relevo. Mudou-se para o Rio de Janeiro e ali, numa atelier situado na Av Copacabana, 10° andar,ela expandiu seus grandes painéis em relevo. Os quadros eram pesadíssimos e às vezes desciam de guindaste, tumultuando o trânsito da Avenida. Em 1967 expusemos juntas em Paris e Roma, ela com os painéis em relevo e eu com a minha fase de guerra. Lembro-me daquela viagem que se estendeu também para a Itália, onde inauguramos o Centro Cultural do Brasil em Roma. Em Paris expusemos na Galerie Valerie Schmidt, na rue Mazzerine, com grande sucesso. Marília subscritou convites para todos os brasileiros, que ali compareceram para nos cumprimentar. Em Roma ficamos hospedadas na Embaixada do Brasil.Tínhamos de subir muitas escadas para chegar até nossos apartamentos localizados num departamento destinado ao batalhão de Suez, naquela época desativado. O secretário da embaixada nos advertiu: “Vocês tomem cuidado, não andem pelos corredores à noite, pois o fantasma de uma mulher costuma aparecer por esses corredores.” Lembro-me de que ficamos doidas para ver o fantasma, mas ele nunca apareceu. Devia ser brincadeira do secretário...
Em Roma ficamos conhecendo Deoclécio Redig de Campos, embaixador junto ao Vaticano. Deoclécio era irmão de Olavo, casado com minha prima Maria Letícia. Com uma carta de apresentação chegamos até ele e pudemos visitar departamentos do vaticano fechados para o público. Vimos a restauração de um painel de Rafael pintado sobre um afresco de Piero de la Francesca. Assistimos ao processo de retirada da obra de Rafael, colocada em partículas sobre uma grande mesa, para depois de muita documentação fotográfica, voltar ao lugar de origem. Foi uma aula importante e inesquecível.
Marília já expusera em 1964 na Galeria d’Arte della “Casa do Brasil” e em catálogo consta observações de críticos italianos.
A arte de Marília continua viva, como suas “superfícies vivas”, e a sua memória ficará na lembrança de todos aqueles que a conheceram de perto.
*Fotos da internet e de Ricardo Giannetti
Juntas iniciamos nossa carreira com uma exposição na Cultura Francesa de Belo Horizonte em 1947. Ao mesmo tempo organizamos também nossa família, nossos filhos têm quase a mesma idade.
Marília morava numa casa em estilo moderno projetada pelo arquiteto Sylvio de Vasconcelos. Ali nos reuníamos para realizar nossos quadros e promover mudanças no estilo de arte que recebemos de Guignard. A primeira Bienal sacudiu os alicerces da arte figurativa e nós, como jovens artistas percebemos um caminho novo que se abria diante de nós. Havia uma energia propulsora que nos conduzia às mudanças, à busca de um vocabulário novo. Pertencíamos à vanguarda da época e era preciso expressar em cores a nossa colocação no Construtivismo Brasileiro. São Paulo abria espaços para os artistas e foi em São Paulo que atuamos juntas nas primeiras Bienais. O atelier de Marília era freqüentado por críticos de arte, alguns vindos de São Paulo, e o próprio Guignard sugeriu que formássemos um grupo de artistas herdeiros de seus ensinamentos. Seus ensinamentos eram preciosos, mas seu estilo teria de ser abandonado. Trabalhávamos lado a lado, formando o grupo de concretistas de Minas Gerais, já completamente diferentes do estilo Guignard. Marília, Mário Silesio, Nely Frade e eu continuamos pesquisando o suporte em telas. Amílcar, Mary Vieira e Frans Weissman se dirigiram para a terceira dimensão, tornando-se grandes escultores. Nós continuamos na pintura, deixando nossas obras principais nas mãos de grandes colecionadores de Minas, Rio e São Paulo. Passaram-se 10 anos de pesquisa incessante dentro do concretismo. Na década de 60 quase todos os concretistas tomaram caminhos diversos.
Foi nesta ocasião que Marília descobriu uma técnica própria de pintura em relevo. Mudou-se para o Rio de Janeiro e ali, numa atelier situado na Av Copacabana, 10° andar,ela expandiu seus grandes painéis em relevo. Os quadros eram pesadíssimos e às vezes desciam de guindaste, tumultuando o trânsito da Avenida. Em 1967 expusemos juntas em Paris e Roma, ela com os painéis em relevo e eu com a minha fase de guerra. Lembro-me daquela viagem que se estendeu também para a Itália, onde inauguramos o Centro Cultural do Brasil em Roma. Em Paris expusemos na Galerie Valerie Schmidt, na rue Mazzerine, com grande sucesso. Marília subscritou convites para todos os brasileiros, que ali compareceram para nos cumprimentar. Em Roma ficamos hospedadas na Embaixada do Brasil.Tínhamos de subir muitas escadas para chegar até nossos apartamentos localizados num departamento destinado ao batalhão de Suez, naquela época desativado. O secretário da embaixada nos advertiu: “Vocês tomem cuidado, não andem pelos corredores à noite, pois o fantasma de uma mulher costuma aparecer por esses corredores.” Lembro-me de que ficamos doidas para ver o fantasma, mas ele nunca apareceu. Devia ser brincadeira do secretário...
Em Roma ficamos conhecendo Deoclécio Redig de Campos, embaixador junto ao Vaticano. Deoclécio era irmão de Olavo, casado com minha prima Maria Letícia. Com uma carta de apresentação chegamos até ele e pudemos visitar departamentos do vaticano fechados para o público. Vimos a restauração de um painel de Rafael pintado sobre um afresco de Piero de la Francesca. Assistimos ao processo de retirada da obra de Rafael, colocada em partículas sobre uma grande mesa, para depois de muita documentação fotográfica, voltar ao lugar de origem. Foi uma aula importante e inesquecível.
Marília já expusera em 1964 na Galeria d’Arte della “Casa do Brasil” e em catálogo consta observações de críticos italianos.
A arte de Marília continua viva, como suas “superfícies vivas”, e a sua memória ficará na lembrança de todos aqueles que a conheceram de perto.
*Fotos da internet e de Ricardo Giannetti
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
O CASTELINHO
Na década de 20, a Avenida Afonso Pena já cortava a cidade de Belo Horizonte de Norte a Sul,e foi ali que meu pai, o então advogado e político Euler de Salles Coelho, escolheu um terreno em forma de triângulo, com o vértice apontando para a Serra do Curral. Construiu uma casa de dois pavimentos, janelas abertas para a avenida, portas altíssimas, varanda e uma imponente escadaria onde os filhos mais tarde escorregavam pelo corrimão.
Seus primeiros filhos ali nasceram. A parteira Deolinda chegava misteriosa, e, aos olhos assustados das crianças, mais um recém nascido gritava de madrugada.
O terreno em forma de triângulo não era grande, mas, devido a sua localização entre duas ruas, proporcionava novas construções. Duas novas casas foram construídas e o Castelinho, no vértice do triângulo, em estilo colonial mexicano, serviu de moradia para a minha família na década de 40.
O Castelinho desde o começo teve uma história feliz.
Ali meu pai tinha um grande escritório com livros até o teto, e eu podia também ter o meu primeiro atelier de pintura. Colocando o cavalete na varanda eu pintava a derrubada das árvores da Avenida Afonso Pena, o contorno majestoso da Serra do Curral e a paisagem de Belo Horizonte, naquela época ainda com poucos edifícios.
O Castelinho possuía pequenas varandas em estilo mexicano e um vitral dando para o poente, representando um veleiro em alto mar. Quando descia a escada eu sempre parava para contemplar os reflexos coloridos do vitral.
Hoje o Castelinho não existe mais, mas o vitral está comigo no Retiro das Pedras, dominando a paisagem. De dentro de casa posso ver o mar continuando nas montanhas.
As coisas não acontecem por acaso. A minha série de barcos, e, mais tarde o meu interesse em descobrir o caminho das Índias talvez tivesse o seu início neste vitral, representando a aventura dos navegantes.
Iniciei a minha vocação artística junto a meus pais, na casa da Av. Afonso Pena. Artistas e críticos ali freqüentavam. O próprio mestre Guignard vinha me visitar quando descia a Avenida em direção ao parque.
Quatro casamentos aconteceram naquela casa: o meu, da minha prima Lulude e o das minhas irmãs, Lourdes e Maria Regina.
Em julho de 1947, casei-me ali com o Luiz. Uma festa simples comemorou o evento. Ocupávamos o porão da casa, onde nasceu, um ano depois Marília, minha filha mais velha. Nessa ocasião o Castelinho celebrava o casamento de minha irmã, Lourdes, com o jornalista Wilson de Figueiredo e, muitos anos depois o casamento de Maria Regina e Azulino.
Os noivados eram celebrados com festa e foguetes. Os casamentos das moças traziam a sociedade e a família para eventos felizes, regados a vinhos e champagnes.
Sempre morei naquela redondeza e meus filhos foram criados ali.
Eram três casas acolhedoras, onde pais e filhos, netos e bisnetos encontraram abrigo. Isto porque D. Nair, mãe de 7 filhos e avó de muitos netos gostava de se ver cercada pela família. Adorava festas de aniversário, cantava e dançava junto com os jovens e as crianças. As casas assistiram a todos esses eventos e sua memória será guardada com gratidão por todos que ali puderam conviver.
*Fotos de Luiz de Salles Coelho
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
HISTÓRIAS DE UMA CASA
Aquela casa na Av. Afonso Pena tinha portas e janelas altíssimas. No mês de agosto os ventos sopravam por todos os lados e papai, sempre com medo de doença, calafetava com lençóis as janelas para o vento não perturbar o sono dos filhos. Mas mesmo assim ele soprava em cima do telhado e entrava no quarto por pequenos orifícios junto ao forro da casa. Eu imaginava aqueles furos como a passagem de gênios e fadas.
As histórias infantis são sempre povoadas de malfeitores que amedrontam as crianças. Todas têm uma bruxa, uma feiticeira, uma madrasta.
A luta entre o bem e o mal, a bela e a fera, sempre está povoando o universo das crianças. Naquele quarto de teto altíssimo, tive todas as doenças de infância. Lembro-me de Matilde, uma negra que nos embalava cantando canções do tempo dos escravos. Os escravos já tinham sido libertados há muito tempo, mas suas canções dolentes, tristes continuavam fazendo as crianças dormirem:
“Kubaba Kangere Nego d’angola num tem Querê”.
Esse “num tem quere” significava uma falta de liberdade que se aprofundava nas memórias de um passado negro e injusto.
Nas lembranças mais remotas daquela casa ressurgem sempre os livros de papai.Tínhamos de passar por um piso de ladrilhos coloridos para penetrar naquele santuário onde o pai ficava sempre estudando, sentado numa cadeira giratória. Um dia não resisti. Perguntei:
“Papai, por que você não escreve livros infantis?”
Papai não me deu resposta satisfatória e eu continuei sonhando com os livros infantis. Ele nos incentivava às leituras, era preciso ler e ler muito para algum dia escrever um pouco.
As histórias de mil e uma noites me fascinavam. Elas me faziam realizar sonhos de um dia conhecer o outro lado do mundo.
As crianças de antigamente brincavam na rua. Brincávamos de roda, de esconde esconde e escorregávamos pela ladeira em carrinhos de rolimã feitos por nós mesmos.
Meu irmão Paulo desde cedo revelara uma forte criatividade para inventar coisas, desde rádio Galena feito em casa, até caleidoscópios com vidrinhos coloridos encontrados na rua, no meio do calçamento.
Eu pensava comigo mesma:
“Vidrinhos coloridos a gente encontra na rua em BH, mas pedras de ouro só mesmo no Serro onde papai nasceu. Ali ele, quando criança, ia catar pedrinhas de ouro que desciam nas enxurradas após as chuvas.”
As histórias das pedras preciosas descendo o morro me fascinavam.
As Minas Gerais tinham um tesouro escondido por debaixo da terra...
Esse tesouro despertava a ambição dos bandeirantes, dos portugueses e também dos ingleses.
Papai era advogado da Metalúrgica Sto Antonio de Américo Gianetti e um dia nos levou para ver a fundição em Rio Acima onde eram feitas panelas de ferro. O que me deixava impressionada era ver a descida do ferro incandescente como um rio de fogo.
A casa tinha um pátio onde praticávamos esportes e apresentávamos cenas inventadas de circo e teatro. Um dia Lulude desfilou como equilibrista sob o olhar apavorado de tia Mucíola. Nas apresentações de teatro, o talento de Neda como declamadora chamava a atenção de todos.
A arte de declamação prolongou-se na família e anos mais tarde, Terezinha, filha de Guilhermina e Paulo também declamava, com muita emoção, versos de nossos grandes poetas.
Atualmente os saraus familiares oferecem voz e poesia, uma síntese de canto, música e poemas, interpretados por Luciano, Ivana e Evaldo.
Naquele pátio da Avenida Afonso Pena aconteciam apresentações espontâneas que envolviam todas as crianças da família. Clóris e tia Mucíola lideravam a turma, criando textos muitas vezes cheios de humor. Lembro-me de ter interpretado personagens que criticavam os adultos da família. Um dia decidi criticar também a própria Cloris, que organizava os eventos. Desenhei o seu perfil com uma tesoura na mão cortando a casaca de um homem. Escrevi embaixo:
“Poetisa mui querida
Escritora de mão cheia
Eis min’arte preferida
Cortar a casaca alheia”
Tia Maria Silvia participava dos eventos como a mais nova de todas as tias. Ela tocava violão e cantava nas festas de aniversário. Anos mais tarde, foi tia Maria Silvia que me apresentou ao professor Carlos Chambelland, para que eu iniciasse meu curso de Belas Artes no Rio.
*Fotos da casa: Luiz Salles Coelho
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
MEMÓRIAS DO RIO
Papai era advogado e também político. Das memórias de infância ficaram as reuniões de família em torno de uma mesa enorme na sala de jantar. Durante as campanhas políticas chegavam à nossa casa os tios avós da família Coelho, vindos de Virginópolis, Serro e Guanhães. As crianças ajudavam colando selos nas cartas, que podiam se transformar em votos.
Casa de político é uma casa movimentada, um entre e sai sem fim. Papai foi presidente da Câmara dos deputados, ia às festas do Palácio levando mamãe com roupas maravilhosas que mais tarde se transformavam em vestimentas de fadas e rainhas nos teatrinhos das crianças.
Na década de 30 mudamos para o Rio de Janeiro, quando papai foi eleito deputado federal. Éramos 4 crianças naquela época, e os 3 mais velhos teriam de freqüentar escolas. Fomos colocados num grupo escolar perto da casa em que morávamos em Botafogo. As professoras tinham o maior carinho conosco, mas os colegas nos criticavam o tempo todo. Eu chorava para não ir à aula, me sentia discriminada e a saída para conseguir escapar daquele grupo foi assustar papai dizendo que um colega ao meu lado cuspia sangue. Na dúvida se seria tuberculose ou hemorragia dentária, conseguimos sair daquela escola e ir para outra, particular.
Lembro-me das manhãs de sol em Copacabana, quando fazíamos castelos de areia na praia com outras crianças. Íamos acompanhadas de um tio que nos deixava fazendo castelos e ia nadar no mar. Um dia, o tio quase afogou, foi transportado pelos banhistas e levado para o posto até se recuperar. As outras crianças discutiam se era o nosso tio ou o tio delas que estava sendo transportado. Naquele dia demoramos a chegar em casa.
Meu avô sofria do coração e ficava dentro do carro, lendo jornal. Precisava respirar o ar do mar, pois naquele tempo ainda não tinham descoberto que os velhos deviam caminhar. Eles passeavam de carro, mas não andavam.
Lembro-me do susto que passei em meu avô e do castigo que recebi depois. Na volta para casa, atravessei correndo a avenida Atlântica e cheguei triunfante até o carro. Nunca me esquecerei do grito do meu avô, ao ver um ônibus freando bem na minha frente. Lembro-me do susto, da freada do ônibus e do castigo de ficar 15 dias sem ir à praia. Para retornar, tive de pedir desculpas ao avô, prometendo que nunca mais correria sozinha, à frente das outras crianças.
Todas as manhãs levantávamos cedo para tomar leite fresquinho ordenhado num estábulo situado no final da rua Visconde Silva onde morávamos. Imagina só, um curral de vacas leiteiras em pleno Botafogo !
A casa dava para a rua e, quando nossos pais saiam, ficávamos na janela fazendo “concurso de cuspe”. A aposta era ver qual cuspe chegava mais rápido na calçada. Tivemos que suspender o concurso quando um cuspe atingiu a careca de um pedestre. O homem queria entrar na casa para nos dar uma surra! Escondemos debaixo da cama, enquanto Sebastiana, a empregada portuguesa nos defendia no portão: “São crianças, são crianças...”
Todas as tardes mamãe saía com tia Lilita para lanchar na Confeitaria Colombo, no centro do Rio. As crianças que tivessem melhor procedimento poderiam acompanhá-las. Até hoje me lembro dos deliciosos doces da Colombo.
Durante a Revolução de 30, a família saiu às escondidas para a casa do meu avô, onde teríamos uma proteção maior, desde que papai era contra o regime de Getúlio e estávamos ameaçados. Getúlio fechou o Congresso e tivemos que voltar para Belo Horizonte.
terça-feira, 12 de outubro de 2010
MOÇA FANTASMA E VACA GRIPADA
Uma drogaria na Avenida Getúlio Vargas em BH, antiga Avenida Paraúna, tem uma vaca no meio do jardim, uma vaca resfriada, com um cobertor de lã sobre o lombo e um termômetro na boca. As vacas desfilaram pelo mundo na Cow Parade e esta veio estacionar frente a esta farmácia para talvez se curar da gripe suína, ou da próxima gripe bovina. No Rio, uma delas resolveu ler os poemas de Drummond em Copacabana. Pessoas criativas existem pelo mundo a fora e aparecem quando têm oportunidade. Recentemente recebi um vídeo de um seguidor do meu blog, mostrando uma escola de arte onde crianças pintavam a vaquinha em arte coletiva. A vaca é um animal sereno, dá tranqüilidade. Na Índia elas trafegam pelas ruas, misturam-se com o povo. Aqui as pessoas chegam, sentam-se em frente à vaca. Tudo respira paz. Dentro da farmácia, lá no fundo existe um café onde fico em silencio, olhando o sol entrar pela vidraça. “Porque será que eu gosto tanto deste lugar?”A resposta me veio de repente. Antigamente aqui existia uma casa cercada de jardins, coberta de uma era verde, estilo normando. A casa era grande, com uma escadaria de madeira, que fazia barulho quando a gente subia ou escorregava pelo corrimão. Minha imaginação de criança subia as escadas devagarinho, procurando desvendar o mistério de uma água furtada, onde deveriam estar guardados os brinquedos de Natal. Naquela casa moravam meus tios, que ofereciam generosamente a sua piscina a todas as crianças, sobrinhos e primos.Aprendi a nadar naquela piscina, meu tio comandava e estimulava a turma. Durante o carnaval, vestidas de fantasias de papel crepon, mergulhávamos na piscina azul, transparente, e ficávamos olhando os papéis coloridos desmanchando-se na água. Não sei quem limpava a piscina no dia seguinte, mas devia dar trabalho!Só me lembro de coisas boas da infância neste lugar privilegiado, que já foi residência familiar, loja de tapetes, depois sede de companhia aérea, agora farmácia. Meus tios mudaram-se para o Rio e a piscina foi desconstruida. Mas ficou famosa na história de BH, porque um jornal da época noticiou que a moça fantasma ali nadava de madrugada. Eu nunca vi fantasma nadar em piscina, mas assim mesmo morria de medo...
Carlos Drummond escreveu um poema sobre a moça fantasma, do qual transcrevo um pequeno trecho:
“Eu sou a Moça-Fantasma
que espera na Rua do Chumbo
o carro da madrugada.
Eu sou branca e longa e fria,
a minha carne é um suspiro
na madrugada da serra.
Eu sou a Moça-Fantasma. O meu nome era Maria,
Maria-Que-Morreu-Antes.(...)
Agora estou consolada,
disse tudo que queria,
subirei àquela nuvem,
serei lâmina gelada,
cintilarei sobre os homens
meu reflexo na piscina da Avenida Paraúna.”
Outras coisas aconteceram neste lugar privilegiado. Ali pintei um painel todo em tons de rosas e verdes, bem suaves, como a dança que ele representava. Minha prima Vera Lucia era dançarina e posou para mim como modelo. O painel ainda existe, está comigo no Retiro, como recordação de todas as vivências da infância e juventude.
*Fotos de Maria Helena Andrés e internet
Carlos Drummond escreveu um poema sobre a moça fantasma, do qual transcrevo um pequeno trecho:
“Eu sou a Moça-Fantasma
que espera na Rua do Chumbo
o carro da madrugada.
Eu sou branca e longa e fria,
a minha carne é um suspiro
na madrugada da serra.
Eu sou a Moça-Fantasma. O meu nome era Maria,
Maria-Que-Morreu-Antes.(...)
Agora estou consolada,
disse tudo que queria,
subirei àquela nuvem,
serei lâmina gelada,
cintilarei sobre os homens
meu reflexo na piscina da Avenida Paraúna.”
Outras coisas aconteceram neste lugar privilegiado. Ali pintei um painel todo em tons de rosas e verdes, bem suaves, como a dança que ele representava. Minha prima Vera Lucia era dançarina e posou para mim como modelo. O painel ainda existe, está comigo no Retiro, como recordação de todas as vivências da infância e juventude.
*Fotos de Maria Helena Andrés e internet
sábado, 2 de outubro de 2010
AS PRIMAS
Quando vejo minhas primas do Rio de Janeiro se reunindo todos os meses num restaurante em Copacabana, simplesmente para estarem juntas, compartilharem de uma afetividade familiar, fico pensando de onde surgiu esta idéia.
Há anos que elas se reúnem todas as primeiras segundas feiras de cada mês, almoçam e compartilham de uma energia coletiva que estreita cada vez mais as relações familiares. Estar junto sem os objetivos sociais de casamento, aniversário, enterro, formaturas, sair de casa para rever as personagens de uma longa história que começou na infância, tudo isso me parece uma idéia que deu certo, uma idéia genial. Parabéns por essa iniciativa.
Aqui de Belo Horizonte não posso compartilhar da companhia das primas. A distância cria empecilhos. Assim mesmo, há alguns anos atrás, tomei um avião para estar junto com esse grupo familiar.
Daqui do alto das montanhas fico pensando: de onde veio esta idéia? De que ramo da família?
Os nossos antepassados também tinham o hábito de se reunirem. Havia sempre uma pessoa para encabeçar a turma, um pólo central das reuniões.
No tempo de minha avó, as pessoas se reuniam em torno dela. Vovó tinha uma sabedoria para não sofrer a solidão. Chamava os filhos e parentes para jogar baralho, de forma esportiva. Eu era adolescente, gostava de desenhar figuras. Desenhei o perfil da minha avó enquanto ela jogava e, com este perfil, decidiram que eu deveria estudar artes no Rio,sob a orientação de Chambelland.
As reuniões familiares de antigamente eram criativas, tia Mucíola liderava a turma de crianças com teatros, artes plásticas e preparava a turminha de primos para sair no carnaval. Sempre estávamos juntos de maneira divertida, recitando versos, fazendo paródias musicais para os mais velhos.
Aquelas reuniões costumavam até “dar casamento”. Numa delas a tia Maria Sílvia conquistou meu tio Dion quando cantou ao violão com muita graça uma canção sertaneja.
Aquela cena ficou como uma lembrança da minha adolescência. Hoje a tia Maria Sílvia é uma referência na família. Muitas vezes ela vem participar da festa das primas.
Estendendo um pouco mais para outro ramo da família, me lembro da casa do tio avô Joaquim, onde haviam reuniões de intelectuais, muitas vezes com a presença de Tristão de Atayde. Quando, em 1953, eu fiz minha primeira exposição no Rio de Janeiro, Maria Letícia, filha de tio Joaquim deu um jantar para me apresentar aos intelectuais e críticos do Rio. Ali estavam Antônio Bento e Flávio de Aquino, entre outros.
Na minha infância eu me lembro de outro tio avô, também intelectual e político. Efigênio de Salles, então governador do Amazonas, que chamávamos carinhosamente de tio Ziro, nos apresentava pessoas importantes como Santos Dumont. Eu era muito pequena, mas fiquei honrada de conhecer o pai da aviação.
Vou recuando no tempo, lembrando devagar dos acontecimentos mais antigos da minha infância e sempre uma energia muito boa me chega, vinda dessas reuniões familiares.
Estar junto é importante, vivenciar acontecimentos, participar do mesmo almoço, tudo isto é uma prova de amor que não deve ser esquecida.
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